Após a morte em 2016 do presidente Islam Karimov, a situação da mídia melhorou pouco no país e as críticas ao poder em vigor continuam muito complicadas.
Cenário midiático
Não existe televisão independente no Uzbequistão. A rádio pública transmite a propaganda do governo, as rádios privadas se abstêm de qualquer transmissão crítica por medo de serem fechadas, e a imprensa escrita atende aos interesses do Estado. Apenas cerca de quinze meios online, alguns dos quais sediados no estrangeiro, publicam informação de qualidade. É o caso da agência de notícias Fergana, com sede em Moscou, e da Ozodlik Radiosi, o canal em uzbeque da estação americana Radio Free Europe/Radio Liberty (RFERL), bloqueada no país. Cerca de um terço da imprensa utiliza o idioma russo.
Contexto político
As autoridades controlam em grande parte a imprensa, bem como um grande grupo de blogueiros próximos ao governo. A verdadeira oposição, composta de um lado por um movimento islâmico próximo aos talibãs e de outro por um grupo de nacionalistas parcialmente no exílio, é proibida.
Quadro jurídico
As autoridades ainda não implementaram as reformas necessárias para acabar com as leis de mídia repressivas. A censura, a vigilância e a autocensura ainda estão muito presentes. Para manter sua independência, as publicações online locais relutam em se registrar oficialmente como meios de comunicação, arriscando processos e multas pesadas por seus textos.
Contexto económico
Os representantes do governo não hesitam em exercer pressão econômica ou tentar subornar jornalistas. O crescimento de uma imprensa independente também é amplamente prejudicado por leis que restringem seu financiamento.
Contexto sociocultural
Dos cerca de 30 milhões de habitantes, 60% têm menos de 30 anos. Essa juventude, assim como a extensão da cobertura da internet, explica a explosão das redes sociais no país, sobretudo de Odnoklassniki, Facebook e Telegram. Alguns grupos nessas redes permitem especialmente a troca de informações sobre atos de corrupção, pouco divulgados pela mídia oficial.
Segurança
Os últimos jornalistas presos, às vezes por quase 20 anos, foram libertados, mas não foram reabilitados. Blogueiros ainda são ameaçados ou presos, como ocorreu com Otabek Sattoryi, fundador do canal de YouTube Xalq Fikri (People's Opinion), condenado a seis anos e meio de prisão em maio de 2021 em um caso de difamação e extorsão totalmente forjado. Outros que tentaram cobrir seu julgamento foram vítimas de violência ou de processos infundados.