O pluralismo dos meios de comunicação é bastante real na Guiné e os jornalistas gozam de uma certa liberdade de expressão. Espera-se que o novo regime transitório, instalado desde o golpe de setembro de 2021, aborde questões relativas à liberdade de imprensa.
Cenário midiático
O cenário midiático é pluralista na Guiné. Desde a década de 1990, a imprensa escrita floresceu: dos 65 semanários existentes, 10 são publicados regularmente, sejam jornais satíricos como o Le Lynx, ou jornais de notícias gerais como o L’Indépendant. O setor audiovisual é composto por pelo menos 60 emissoras de rádio e cerca de dez canais de televisão. Online, uma centena de sites de notícias surgiram em 25 anos. Contudo, a produção de informações críticas e independentes continua difícil, principalmente quando envolve membros do governo ou das forças de segurança.
Contexto político
Durante a presidência de Alpha Condé (2010-2021), as autoridades tentavam regularmente censurar a mídia crítica ao poder. Desde a chegada ao poder de um governo de transição, a situação parece ter-se acalmado e o primeiro-ministro se comprometeu, durante uma reunião com a RSF, a defender a liberdade de imprensa logo que tomasse posse. A falta de visibilidade, no entanto, leva os jornalistas a serem cautelosos.
Quadro jurídico
O fim das penas de prisão por crimes de imprensa consagrado na lei de liberdade de imprensa promulgada em 2010 é um grande passo adiante na proteção dos jornalistas. Entretanto, a lei orgânica sobre o direito de acesso à informação pública e que estabelece o princípio da transparência ainda não está em vigor, apesar da sua adoção em novembro de 2020, e os jornalistas continuam a ser alvo de prisões e detenções.
Contexto económico
Na Guiné, a mídia estatal é favorecida em detrimento da mídia privada, com o Estado priorizando a estatal no acesso aos eventos oficiais e na difusão de comunicações governamentais. Os subsídios concedidos à mídia privada são considerados insuficientes. Além disso, a pandemia de Covid-19 agravou as dificuldades financeiras que afetam o setor da imprensa.
Contexto sociocultural
Alguns assuntos, como homossexualidade, poligamia ou violência conjugal, são tratados com certa cautela, até mesmo comedimento para não ofender a moralidade pública. Os jornalistas que cobrem a questão da luta contra a mutilação genital feminina ou o casamento forçado também são, por vezes, alvo de grupos de interesse religioso.
Segurança
Os jornalistas são regularmente vítimas de agressões e violência, principalmente durante manifestações políticas. Os profissionais de mídia também são frequentemente vítimas de ameaças de morte e assédio nas redes sociais. Os autores desses atos de violência, muitas vezes policiais, mas também militantes de partidos políticos ou ativistas, permanecem na grande maioria impunes.