Os jornalistas haitianos sofrem com uma significativa falta de recursos financeiros, ausência de apoio institucional e dificuldade de acesso à informação. Nos últimos dois anos, também foram alvo de gangues, vítimas de sequestro e assassinato com total impunidade.
Cenário midiático
O rádio é o meio de comunicação de massa mais popular no Haiti. Mais de 700 emissoras de rádio e televisão operam no território, mas apenas metade funciona legalmente, com uma licença concedida pela Conatel, agência que regula as comunicações. A mídia privada, fortemente influenciada pelos interesses de seus acionistas, tem dificuldade de expressar seus pontos de vista e tende a se autocensurar. A empresa de rádio e TV do Haiti, RTNH, é o principal grupo de mídia estatal.
Contexto político
Há décadas, o Haiti está mergulhado em uma profunda crise política e social, que teve uma trágica reviravolta com o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, na capital, Porto Príncipe. Esse fim abrupto de uma presidência controversa, em um clima geral de insegurança e violência, deu início a uma nova era de incertezas no país.
Quadro jurídico
A Constituição garante a liberdade de imprensa, mas, na prática, os jornalistas enfrentam inúmeros obstáculos. Mesmo quando relatam ameaças de morte confiáveis às autoridades competentes, esses casos raramente vão além da denúncia formal, e os profissionais dos meios de comunicação não contam com nenhuma medida protetiva.
Contexto económico
Há quase um século, o Haiti é um dos países mais pobres do continente americano. A economia, baseada essencialmente na agricultura, é muito vulnerável às vicissitudes climáticas. O país também é fortemente dependente da ajuda internacional e das remessas dos haitianos que vivem na diáspora. O jornalismo é uma das profissões mais mal remuneradas no país. Com exceção daqueles que trabalham para a mídia pública e alguns raros veículos privados, os repórteres têm dificuldade de suprir suas necessidades alimentares básicas.
Contexto sociocultural
O Haiti é um país culturalmente rico, especialmente na arte, na música, na dança e no teatro. Esses recursos constituem um fator de desenvolvimento capaz de projetar uma imagem diferente do país e atrair turistas. No entanto, a infraestrutura existente na ilha foi significativamente danificada por sucessivos desastres naturais.
Segurança
Desde 2018, os protestos, muitas vezes violentos, têm se multiplicado no Haiti. Intimidações e ataques violentos por parte das forças de segurança e de manifestantes contra jornalistas são frequentes. A profissão, cada vez mais estigmatizada e vulnerável, vem sendo também alvo de gangues nos últimos dois anos: jornalistas são sequestrados e assassinados com total impunidade. Somente em 2022, pelo menos seis deles perderam a vida por motivos ligados à profissão, colocando o Haiti na lista dos países mais perigosos para os jornalistas na região.