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Em um país que luta para sair da guerra civil, jornalistas e meios de comunicação continuam encurralados entre grupos armados e as autoridades, cuja aproximação com o governo russo foi acompanhada por uma forte disseminação de desinformação.
Cenário midiático
Existem apenas dois canais de televisão na República Centro-Africana (RCA), país onde o rádio continua a ser o meio dominante, com várias dezenas de estações em todo o país. A rádio Ndeke Luka é um dos poucos meios de transmissão de informações que respeitam fatos e fontes, assim como a Rede de Jornalistas pelos Direitos Humanos (RJDH) e algumas associações de blogueiros e jornalistas dedicados à checagem de fatos, todos alvo de pressões constantes. Tendenciosa e sem distribuição fora da capital, Bangui, a imprensa escrita, que conta com cerca de sessenta títulos, muitas vezes se limita a artigos de opinião, boatos ou campanhas caluniosas.
Contexto político
Apesar do estado de degradação em termos de investimentos e recursos, que perdura há anos, os meios de comunicação públicos continuam influentes e sob as ordens do Executivo. O Conselho Superior de Comunicação é acusado pelos jornalistas de impor sanções arbitrárias, quando estas não são aplicadas diretamente pelo governo, como foi o caso de dois sites de notícias em 2021.
Quadro jurídico
Uma nova lei sobre liberdade de comunicação foi adotada em 2020 para substituir a anterior, que datava de 2005. Bastante protetora na teoria, na prática, a lei não permite o exercício do jornalismo independente e de qualidade.
Contexto económico
A pobreza e a guerra dificultam o desenvolvimento da mídia, e os jornalistas centro-africanos atuam em condições muito precárias. As diárias pagas por organizadores de eventos muitas vezes constituem a principal fonte de renda dos repórteres. Desde sua chegada, em 2018, os russos criaram uma estação de rádio e assumiram o controle de muitos meios de comunicação e blogs, que difundem propaganda e transmitem informações falsas, principalmente sobre a França e os jornalistas franceses na RCA.
Segurança
Em um país onde a maior parte do território não está sob o controle do Estado, as autoridades estão cada vez mais intolerantes em relação a críticas. Os jornalistas que entrevistam os vários protagonistas do conflito são regularmente considerados espiões ou cúmplices dos grupos armados. A violência, as pressões e as ameaças contra eles são frequentes. Aqueles que cometem crimes contra jornalistas gozam de total impunidade, e a lista de vítimas não para de crescer: Elisabeth Blanche Olofio, Désiré Luc Sayenga, René Padou, a fotojornalista francesa Camille LePage, além de três repórteres investigativos russos, Orhan Djemal, Kirill Radtchenko e Alexandre Rasstorguyev, que, em 2018, investigavam a presença de mercenários de seu país na RCA.