A Nigéria é hoje um dos países da África Ocidental mais perigosos e difíceis para jornalistas, que são regularmente monitorados, agredidos, presos de maneira arbitrária e até mortos.
Cenário midiático
País mais populoso do continente africano, a Nigéria tem um cenário midiático diversificado. Embora a imprensa escrita esteja em forte declínio nos últimos anos, ainda existem cerca de uma centena de publicações: The Punch, The Nation, Vanguard, Guardian e The Premium Times são as mais conhecidas. A maioria dos 36 estados também possui um diário público controlado diretamente pelas autoridades locais. Existem várias centenas de estações de rádio e canais de televisão.
Contexto político
A interferência das autoridades no campo da informação é grande. Pode envolver pressões e até repressão contra jornalistas e meios de comunicação críticos, além de censura. Em 2021, o site de notícias Peoples Gazette foi bloqueado após revelar os privilégios concedidos ao filho de um dos membros do círculo íntimo do presidente. O Twitter foi suspenso por sete meses depois de excluir um tweet do presidente. Os meios de comunicação receberam a ordem de excluir suas contas na rede social, como um “gesto patriótico”.
Quadro jurídico
A Constituição protege a liberdade de expressão e opinião, mas há muitas leis cujas disposições permitem obstruir o trabalho dos jornalistas, como as que versam sobre crimes cibernéticos, terrorismo e segredos de Estado e até mesmo o Código Penal, que continua a considerar a difamação um crime. Nos últimos anos, foram propostos vários projetos de lei muito perigosos versando sobre a regulação das redes sociais, o que suscitou protestos.
Contexto económico
Embora os meios de comunicação sejam muito numerosos, poucos operam em boas condições financeiras. Os atrasos salariais podem chegar a vários meses, ou mesmo anos, para os jornalistas, o que os torna vulneráveis à corrupção e à publicação de informações em troca de pagamento. Assim como políticos, empresários e empresas fonte de receita publicitária podem influenciar o conteúdo editorial.
Contexto sociocultural
É muito difícil abordar questões políticas ligadas ao terrorismo, ao desvio de verbas por poderosos e aos conflitos entre comunidades, como evidenciado em 2020, quando um jornalista investigativo sofreu ameaças e várias de suas fontes foram mortas ou morreram em circunstâncias suspeitas depois de uma reportagem investigativa sobre os massacres cometidos no estado de Kaduna.
Segurança
Nos últimos anos, a maioria dos ataques violentos, detenções arbitrárias e mortes de jornalistas a tiros na África Ocidental ocorreu na Nigéria. Temendo por sua vida, alguns escolhem o exílio. Desde 2019, quatro jornalistas foram mortos e nenhuma investigação séria foi realizada para identificar os autores desses crimes. As grandes manifestações que abalaram o país em 2020 também foram ocasião de uma explosão de violência contra os meios de comunicação, alguns dos quais foram incendiados.