Devido ao esfriamento do conflito em torno da independência da Catalunha, o nível de violência contra jornalistas diminuiu consideravelmente, uma tendência confirmada durante os protestos contra as medidas anti-coronavírus. Por outro lado, o direito à informação é ameaçado pela polarização política e por um arcabouço jurídico com lacunas.
Cenário midiático
Na esfera nacional, o mercado espanhol caracteriza-se por uma elevada concentração dos meios de comunicação. Os grupos privados de mídia audiovisual Atresmedia e Mediaset, e o serviço público RTVE representam mais de 75% do mercado. Na esfera regional, o setor é marcado pela forte presença da mídia pública reunida na FORTA (Federação das Organizações ou Entidades Regionais de Rádio e Televisão), o que aumenta o risco de interferência política. A diversidade no setor de imprensa é maior.
Contexto político
Assim como a sociedade espanhola, parte da mídia está polarizada e cada vez mais substitui a informação pela opinião, um fenômeno que alimenta a desconfiança geral dos cidadãos em relação aos jornalistas. O governo de Pedro Sánchez foi acusado por vários meios de comunicação de falta de transparência na gestão das informações sobre a pandemia, enquanto a extrema direita aponta o dedo e assedia jornalistas considerados incômodos.
Quadro jurídico
Enquanto a revogação dos artigos mais controversos da "Lei da Mordaça" é objeto de procedimento parlamentar, a polícia continua usando seu poder para sancionar a imprensa, e os tribunais às vezes favorecem a versão das forças da ordem em detrimento da versão dos jornalistas vítimas de violência policial. Além disso, a mídia é alvo de processos para tentar quebrar o sigilo das fontes e de processos mordaça (SLAPPs).
Contexto económico
A forte concentração da mídia privada é acompanhada por uma opacidade sobre as reais influências dos donos da mídia sobre os atores públicos. Essa falta de transparência também afeta os investimentos publicitários das administrações públicas e das grandes empresas espanholas. Desde a crise de 2008 e a perda de empregos que ela causou, a profissão se acomodou em uma precariedade crônica.
Contexto sociocultural
Numa sociedade espanhola tolerante e aberta à diversidade, os jornalistas raramente são pressionados, a não ser pelas autoridades. O Parlamento iniciou o processo de descriminalização de “ofensas contra sentimentos religiosos”, “ataques a símbolos do Estado”, “insultos à coroa” e outros delitos que no passado causaram violações da liberdade de expressão.
Segurança
Manifestações contra medidas relacionadas à pandemia de Covid-19 não resultaram em violência significativa contra jornalistas. Outro desdobramento positivo: a diminuição do conflito em torno da independência da Catalunha, que provocou violência contra repórteres por parte de manifestantes e policiais, levou a uma redução das agressões. Contudo, um número crescente de jornalistas é vítima de assédio nas redes sociais.