Na Guiné-Bissau, nos últimos anos, a grave deterioração do ambiente de segurança da imprensa e as pressões políticas e econômicas têm posto à prova o exercício do jornalismo.
Cenário midiático
A relativa diversidade do setor de mídia da Guiné-Bissau é caracterizada por uma forte polarização. Os meios de comunicação estatais, fortemente influenciados pelo poder público, são: a televisão nacional, que não consegue cobrir todo o território, a rádio nacional, o jornal No Pintcha e a agência de notícias da Guiné-Bissau. O país também abriga cerca de 60 estações de rádio privadas e comunitárias, jornais privados e uma pequena quantidade de mídia online.
Contexto político
Os jornalistas têm que lidar com a instabilidade política crônica, como o golpe abortado de fevereiro de 2022 mostrou novamente. As pressões são frequentes. Nos últimos anos, o presidente Umaro Sissoco Embaló ameaçou fechar várias estações de rádio que não tinham autorização definitiva para funcionar e chamou os jornalistas de “bocas de aluguel”. Um jornalista foi suspenso pelo diretor da televisão pública por não ter entrevistado o presidente que participava de um torneio de futebol.
Quadro jurídico
Embora a constituição garanta a liberdade de imprensa e estipule que ela deve ser independente de interesses econômicos e políticos, isso não ocorre na prática. No entanto, existe uma lei de imprensa e o estatuto de jornalista é reconhecido no país. A Guiné-Bissau não possui lei que garanta o acesso dos cidadãos à informação.
Contexto económico
A publicidade na mídia e as vendas de jornais são muito baixas. Alguns jornalistas só cobrem eventos quando são pagos pelo organizador. Em algumas rádios, muitos programas são transmitidos somente após o pagamento de uma quantia fixa. Os meios de comunicação estatais, supostamente com mais recursos, não são poupados das dificuldades econômicas. Com um salário médio mensal de 50 euros, muitos jornalistas são obrigados a aderir a um partido político para sobreviver.
Contexto sociocultural
Os meios de comunicação são muitas vezes forçados a exercer uma forma de autocensura, particularmente em assuntos considerados sensíveis, como o tráfico de drogas. Os desvios de verbas e a corrupção, que não poupam os jornalistas, estão entre os assuntos pouco ou nada abordados.
Segurança
Jornalistas e meios de comunicação são regularmente expostos a ataques físicos, como mostram os ataques armados que atingiram, no início de fevereiro de 2022, as instalações da Capital FM e a casa de um de seus jornalistas. Em fevereiro de 2021, um jornalista foi agredido e brevemente detido pela polícia, que destruiu seu telefone e gravador, enquanto cobria um protesto estudantil. Em março de 2021, Antonio Aly Silva, jornalista independente que critica regular e abertamente o presidente, foi sequestrado, espancado e abandonado numa das ruas da capital Bissau por desconhecidos.