Jornalistas foram agredidos durante manifestações a favor e contra Lula no Brasil

Diversos meios de comunicação e jornalistas foram vítimas de agressões físicas e verbais durante as manifestações que antecederam a prisão do ex-presidente Lula, que se entregou à polícia no dia 7 abril de 2018. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) denuncia esse comportamento intolerável e pede às autoridades, assim como aos manifestantes, respeitarem o trabalho da imprensa.

No dia 7 de abril de 2018, ao menos oito jornalistas foram alvos de agressões por parte de manifestantes que se reuniram em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para apoiar o ex-presidente Lula, condenado a 12 anos de prisão. Repórteres das rádios CBN, Bandnews FM e Jovem Pan e dos canais Bandnews, Rede TV e Globo sofreram violências físicas e verbais durante a cobertura dos momentos que antecederam a prisão do Lula. Em alguns casos, os jornalistas tiveram que abandonar o local por questões de segurança.


Nos dias anteriores, quando foi decretada a ordem de prisão do ex-presidente, agressões semelhantes ocorreram em protestos realizados em diversas cidades do país. Carros de reportagem da rádio Bandnews FM e do jornal Correio Brazilense foram atacados e tiveram vidros quebrados, respectivamente em São Paulo e Brasília. Em João Pessoa, capital da Paraíba, manifestantes atacaram a sede da TV Cabo Branco, afiliada local da Globo.


As autoridades brasileiras devem garantir o trabalho da imprensa, particularmente importante neste período de fortes tensões políticas, declarou Emmanuel Colombié, Diretor Regional do Escritório para a América Latina da Repórteres sem Fronteiras. Os jornalistas brasileiros são injustamente tomados como alvo, vítimas da indignação dos manifestantes que os associam diretamente à postura editorial dos veículos para os quais trabalham. Se trata de um atentado grave à liberdade de imprensa, direito tão necessário nesses tempos turbulentos.


Os ataques contra os meios de comunicação e os jornalistas são recorrentes no país. No dia 26 de março de 2018, um desconhecido atirou contra a sede do Jornal dos Bairros do Litoral, no estado do Paraná. Com a prisão de Lula, a polarização política que já vinha em alta no país desde a destituição da presidente Dilma Rousseff em 2016, se acentuou. As eleições presidenciais em outubro podem vir a reforçar ainda mais esse clima de desconfiança e violência em relação à imprensa.


O Brasil se encontra na 103a posição, entre 180 países, no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa elaborado pela Repórteres sem Fronteiras.
Publié le
Updated on 09.04.2018