Estados Unidos: preocupação com a segurança da imprensa dias antes da posse presidencial

A Repórteres sem Fronteiras (RSF) expressa preocupação com a segurança dos jornalistas, à medida que a posse do presidente eleito Joe Biden em Washington se aproxima. Em meio a relatos de que mais violência e protestos armados possam ocorrer na capital dos EUA e em todo o país na próxima semana, a organização pede às autoridades que façam todo o possível para garantir a segurança dos profissionais da mídia.

Cinco pessoas foram mortas e muitas mais ficaram feridas no dia 6 de janeiro, quando milhares de manifestantes pró-Trump invadiram a sede do braço legislativo do governo dos EUA, o Capitólio, numa tentativa mal-sucedida de impedir a certificação da recente vitória de Joe Biden no Colégio Eleitoral. 


Durante a insurreição, os manifestantes destruíram o equivalente a dezenas de milhares de dólares em equipamentos de propriedade da Associated Press (AP), incluindo cabos de microfones e câmeras, que eles supostamente transformaram em nós de forca, enquanto gritavam: "A notícia agora somos nós!". Os manifestantes pró-Trump também espatifaram câmeras no chão, gritando “Abaixo a CNN!" e pichando portas de dentro do próprio Capitólio com as palavras "Assassinem a mídia"


Esses graves incidentes podem se repetir: o Federal Bureau of Investigation (FBI) alertou ter recebido informações sobre "protestos armados" sendo planejados em todos os 50 estados dos EUA para os dias que antecedem a posse de Biden.

 

“Os relatos dos jornalistas presentes no Congresso dos Estados Unidos em 6 de janeiro são assustadores e não devem se repetir, afirma a nova diretora do escritório da RSF nos EUA, Anna K. Nelson. Condenamos a violência da forma mais veemente possível e instamos as autoridades a responsabilizar os supostos autores. Pedimos a todos que respeitem a liberdade de imprensa e garantam que os jornalistas possam continuar a fazer seu trabalho em total segurança."

 

A RSF apoia a declaração do Gabinete do Procurador Federal de Washington, datada de 12 de janeiro, segundo a qual os promotores federais e agentes da lei planejam "investigar, processar e responsabilizar" qualquer pessoa envolvida em ato de violência ou intimidação [contra membros da imprensa], incluindo “agressões, ameaças e destruição de propriedade”.

 

As condições para a liberdade de imprensa se deterioraram consideravelmente sob a presidência de Donald Trump. De acordo com o Barômetro da Liberdade de Imprensa dos EUA, nada menos que 856 agressões foram cometidas contra jornalistas que cobriam protestos somente em 2020. A maioria delas, ataques físicos deliberados contra jornalistas claramente identificados como imprensa durante os protestos do movimento Black Lives Matter em pelo menos 33 estados em todo o país.

 

Em uma declaração de novembro de 2020, a RSF já expressava sua profunda preocupação com a contínua hostilidade aos jornalistas nos EUA. Hoje, a organização reitera seu apelo às autoridades, não apenas para garantir a segurança dos jornalistas que cobrem os protestos, mas também para investigar este padrão mais amplo de violações da Primeira Emenda.

 

Encorajamos repórteres a consultar estas medidas para cobrir manifestações de forma segura. Profissionais da mídia que tenham sido agredidos, atacados, ou cujo equipamento tenha sido roubado ou destruído durante os protestos, podem acessar o site do Barômetro da Liberdade de Imprensa dos EUA para registrar uma denúncia.

 

Os Estados Unidos ocupam a 45a posição entre 180 países no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF.

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Updated on 15.01.2021