Brasil: a eleição de Jair Bolsonaro marcada por ataques à imprensa

Na sequência da campanha eleitoral, a eleição do candidato Jair Bolsonaro neste domingo, 28 de outubro, foi marcada por novos ataques contra a liberdade de imprensa. O clima de ódio em que o país está mergulhado torna a tarefa dos jornalistas cada vez mais complexa. A RSF expressa as suas preocupações e exorta o novo presidente eleito a "valorizar a importância de uma imprensa livre, crítica e independente, em vez de difamá-la".

Minutos após o anúncio oficial de sua eleição, Jair Bolsonaro, durante seu primeiro discurso transmitido ao vivo no Facebook Live, congratulou-se com a sua vitória, 'apesar de grande parte da mídia me criticando, me colocando em situação vexatória"


Algumas horas antes, ao descobrir os primeiros resultados da apuração, seu assessor de imprensa, Carlos Eduardo Guimarães, enviou a seguinte mensagem a uma lista de jornalistas profissionais encarregados de cobrir as eleições: "Ué, não tava quase empatado? Vocês são o maior engodo do Jornalismo do Brasil!!!! LIXO "


Durante as celebrações que se seguiram à eleição, jornalistas do jornal Folha de São Paulo - já alvo de graves ataques durante a campanha eleitoral - do jornal O Povo e da TV Verdes Mares foram agredidos e insultados pelos partidários de Jair Bolsonaro. A RSF também esteve em contato com vários correspondentes da imprensa internacional que receberam o mesmo tratamento: foram intimidados e agredidos. No Rio de Janeiro, uma equipe da France 24 recebeu ameaças: "vou matar esses jornalistas" e foi convidada a 'voltar ao seu país'.


"A incitação ao ódio e as declarações agressivas contra a imprensa, que marcaram a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial, são um mau presságio para esta nova era que se inaugura no Brasil, preocupa-se Emmanuel Colombié, diretor do escritório da América Latina para a RSF. Esses comportamentos que alimentam um clima de confronto e de desconfiança permanente dos jornalistas são totalmente contraproducentes. Para preservar a democracia brasileira, Jair Bolsonaro deve agora mostrar-se agregador e valorizar a importância de uma imprensa livre, crítica e independente, em vez de difamá-la."


Durante a campanha eleitoral, a RSF alertou para os perigos que a presidência de Bolsonaro representava para a liberdade de imprensa e a democracia brasileira.


O Brasil ocupa o 102o lugar no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2018 elaborado pela Repórteres sem Fronteiras.

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Mise à jour le 29.10.2018