Grã-Bretanha

Cenário midiático

O cenário da mídia britânica continua a ter seu pluralismo ameaçado. Três empresas - News UK, Daily Mail Group e Reach - dominaram o mercado nacional de jornais diários, concentrando poder e influência em poucas mãos. A questão do financiamento da BBC foi fortemente politizada pelo anúncio do governo de um congelamento por dois anos do imposto com o qual a rede é financiada, a partir do início de 2022.

Contexto político

Um clima político preocupante continua a impactar a liberdade de imprensa no Reino Unido, incluindo o retorno de uma proposta alarmante de reformas nas leis de segredos oficiais que podem levar jornalistas a serem presos por "espionagem". Estes últimos estão sujeitos a restrições significativas em termos de liberdade de informação, com relatos da existência de um centro governamental opaco para processamento de pedidos de acesso à informação. Alegações de tentativa de interferência do governo cercaram a nomeação fracassada de Paul Dacre como chefe da autoridade reguladora das comunicações, a Ofcom.

Quadro jurídico

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, continua detido na prisão de Belmarsh, enquanto o pedido de extradição do governo dos EUA para processá-lo por publicar informações de interesse público continua em análise, impactando o histórico de ambos os países em termos de liberdade de imprensa. A proliferação de procedimentos-mordaça (Strategic Lawsuits Against Public Participation, ou SLAPPs) ajudou a tornar Londres a “capital mundial da difamação”, já que jornalistas britânicos e internacionais são forçados a defender suas reportagens nos tribunais britânicos.

Contexto económico

Cortes orçamentários em redações e restrições financeiras causadas pela pandemia forçaram muitos meios de comunicação a fechar ou reduzir drasticamente suas equipes. O custo e a ameaça de um processo por difamação impediram mais de um meio de comunicação ou jornalista independente de investigar determinados tópicos e os obriga a recorrer ao financiamento coletivo para obter aconselhamento jurídico.

Contexto sociocultural

Os jornalistas que cobrem organizações criminosas e atividades paramilitares continuam a enfrentar grandes riscos na Irlanda do Norte, onde as divisões se aprofundaram desde o Acordo de Belfast de 1998. As revoltas violentas que abalaram a região em 2021 representaram um perigo para os jornalistas que cobriam os eventos. Ainda paira a sombra de uma impunidade duradoura pelo assassinato do jornalista do Sunday World Martin O'Hagan pelas Força Voluntária de Ulster em 2001.

Segurança

A segurança dos jornalistas na Irlanda do Norte continua a ser uma preocupação, pois continuam a enfrentar ameaças ao cobrir o crime organizado ou atividades paramilitares. Os profissionais em causa apontaram muitas vezes para a reação insuficiente da polícia. Nenhum oficial ou executor até agora compareceu à justiça pelo assassinato de Lyra McKee em Derry em abril de 2019 – embora outras prisões tenham sido feitas em 2021. A publicação em março de 2021 de um Plano de Ação Nacional para a Segurança dos Jornalistas foi bem recebida.