Cingapura

Em 2020, Cingapura entrou oficialmente na “zona preta" do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, o que significa que a situação do país é agora classificada como “muito grave". Apesar do rótulo de "Suíça da Ásia", para citar a expressão cara à propaganda oficial do governo, a cidade-estado não fica muito aquém da China quando se trata de reprimir a liberdade de imprensa. O governo do primeiro-ministro Lee Hsien Loong é sempre rápido em processar seus críticos, em pressionar para que eles não tenham mais chances de estar empregados, chegando até a forçá-los a deixar o país. A Autoridade de Desenvolvimento da Mídia (MDA) tem o poder de censurar qualquer tipo de conteúdo jornalístico. Os processos por difamação são frequentes e podem ser acompanhados de acusações de "sedição", crime passível de 21 anos de prisão.  O controle político é reforçado por uma camisa de força econômica. Dois grandes grupos detêm toda a imprensa escrita, o rádio e o audiovisual de Cingapura: o primeiro, MediaCorp, é propriedade de uma empresa de investimento estatal; o segundo, Singapore Press Holdings, é oficialmente de direito privado, mas seus diretores são nomeados pelo governo. Resultado: a autocensura é generalizada, inclusive em meios alternativos independentes, intimidados pela pressão judicial e econômica exercida pelas autoridades. A famosa linha vermelha - que os jornalistas apelidam de "OB Markers" ("Out of Bounds Markers", ou "marcadores fora dos limites") - restringe de maneira cada vez mais draconiana a cobertura jornalística de inúmeras temáticas e de figuras públicas. As autoridades de Cingapura também criaram o hábito de enviar e-mails a jornalistas ameaçando-os com até 20 anos de prisão, se eles não se comportassem e removessem artigos incômodos. Finalmente, a lei das “notícias falsas”, um texto orwelliano adotado em 2019, obriga qualquer veículo de comunicação ou plataforma a fazer “correções” em qualquer informação que o governo considere “incorreta” - e isso de forma totalmente arbitrária. Esse gabinete de censura 2.0 permitiu ao governo impor aos meios de comunicação sua própria versão de uma série de assuntos, como pena de morte, o salário pago à esposa do primeiro-ministro e a sua gestão da pandemia de Covid-19.