Nepal

Khadga Prasad Sharma Oli exaltava a liberdade de imprensa e o pluralismo quando estava na oposição. Mas, desde que se tornou primeiro-ministro, no início de 2018, ele multiplica as tentativas de amordaçamento de jornalistas. Símbolo dessas pressões, uma jornalista política foi afastada, no início de 2020, pelo assessor de imprensa do primeiro-ministro simplesmente porque se atreveu a criticar a atuação de Oli. Na verdade, a filiação política dos meios de comunicação nepaleses é muito forte, de modo que a imprensa pró-governo se parece mais com veículos de propaganda. Em contrapartida, o governo central tende a oferecer anúncios publicitários apenas aos jornais mais favoráveis a ele. A autocensura é muito forte e incentivada, sobretudo, por leis draconianas. O novo código penal, adotado em agosto de 2018, prevê vários dispositivos que colocam grandes obstáculos ao jornalismo investigativo e à crítica de personalidades públicas.  O governo também tentou aprovar um projeto de lei estabelecendo um órgão para regular o conteúdo jornalístico, cujos membros seriam nomeados diretamente pelo poder executivo.  Outro elemento preocupante é a "retórica antimídia" lançada pelos representantes do governo e amplamente retransmitida pelos jornais, rádios e canais de televisão estatais. Uma questão completamente tabu envenena os debates sobre liberdade de imprensa no Nepal: a total impunidade que cerca os crimes cometidos contra jornalistas durante a década do “Saśastra Dvandvakāla”, a guerra civil que marcou o país entre 1996 e 2006.