Bangladesh

Em 2020, a crise provocada pelo novo coronavírus e o confinamento resultante levaram a um preocupante aumento da violência, policial e civil, contra jornalistas. Muitos jornalistas, blogueiros e cartunistas foram presos e processados por seu trabalho de informação sobre a situação sanitária e social. Do ponto de vista jurídico, o poder executivo possui uma arma feita sob medida para silenciar vozes incômodas: a lei de segurança digital de 2018 prevê penas de até 14 anos de prisão por “propaganda negativa”. Como resultado, o nível de autocensura alcançou recordes, já que os editores temem, com razão, ser jogados na prisão e ter seus veículos de comunicação fechados.  Após sua reeleição em 2019, a Liga Awami e sua líder, a primeira-ministra Sheikh Hasina, no poder desde 2009, endureceram significativamente o tom com os jornalistas: violências cometidas por ativistas do partido, bloqueio de sites de notícias, prisões arbitrárias... Simbolizando esta atmosfera de desconfiança, jornalistas dos dois maiores diários, o bangalófono Prothom Alo e o anglófono Daily Star, não são mais admitidos em coletivas de imprensa do governo. Já os repórteres que investigam casos de corrupção e/ou as máfias locais são submetidos a violências extremamente bárbaras, que vão da tortura à morte.