Ruanda

Desde 1996, em Ruanda, oito jornalistas foram mortos ou estão desaparecidos e 35 foram forçados ao exílio. Apesar de uma nova lei dos meios de comunicação de 2010 e dos esforços para desenvolver a internet em todo o país, o arcabouço jurídico permanece muito repressivo e o espectro do genocídio de 1994 ainda permite que os veículos críticos ao governo sejam rotulados de "divisionistas". Em 2015, as emissões da BBC em língua kinyarwanda foram suspensas, depois que a rede difundiu na televisão um documentário que evocava as mortes provocadas pelo avanço militar da FPR (Frente Patriótica Ruandêsa, partido hoje no poder) sobre Kigali. A reeleição de Paul Kagame em agosto de 2017 - que conseguiu concorrer a um terceiro mandato graças a uma emenda constitucional - reforça a continuidade de um regime repressivo e de censura. Também é muito comum que jornalistas estrangeiros não obtenham nem vistos nem credenciamento para realizar seu trabalho. O fato é que, nos últimos anos, o número de abusos registrados pela RSF caiu, mas a censura continua onipresente. A autocensura também é a regra para evitar se tornar alvo do regime, especialmente porque, em 2018, a reforma do Código Penal manteve as penas de prisão por ultraje e difamação por meio da imprensa. Em 2020, Dieudonné Niyonsenga, que dirige a Ishema TV, uma web-TV ruandesa, foi detido e encarcerado de uma maneira completamente opaca, após ser acusado de "infringir as regras do confinamento".