Maurício

Ainda que Maurício seja um dos países africanos aclamados como modelos de democracia e respeito pelos direitos humanos, o panorama midiático é altamente polarizado e permanece muito marcado pela influência de personalidades do mundo político ou econômico, que o financiam ou promovem. A rádio e a televisão nacional, assim como os meios de comunicação próximos do poder, muitas vezes fazem propaganda, enquanto que os mais favoráveis à oposição estão sujeitos a ser deixados de lado. Após o derramamento de petróleo de julho de 2020, dois dos mais importantes veículos de comunicação da ilha, o diário L’Express e rádio privada Top FM, foram sistematicamente boicotados pelo governo e seus jornalistas não puderam comparecer às coletivas de imprensa do primeiro-ministro sobre o assunto. Os meios de comunicação aproveitam a liberdade de que dispõem para serem francos, mas às vezes caem em sensacionalismo e violações éticas que prejudicam a qualidade de suas reportagens. Nesse contexto, a falta de independência do órgão regulador não contribui para o surgimento de um jornalismo de qualidade. As sanções muitas vezes visam os veículos próximos à oposição, como em dezembro de 2020, quando uma estação de rádio foi proibida de transmitir por 72 horas depois que um sindicalista chamou o primeiro-ministro indiano Narendra Modi de "racista". As pressões econômicas e a distribuição desigual da receita publicitária também contribuem para a autocensura. Finalmente, o arcabouço legal não protege os jornalistas mauricianos, que podem ser condenados à prisão por publicações consideradas como desacato à ordem pública. Desde 2018, as alterações à lei da informação e das telecomunicações têm permitido penalizar os autores de conteúdos online considerados “incômodos” ou “perturbadores”. Em 2020, uma colunista foi ouvida pela polícia nesse contexto.