OS JORNALISTAS PRESOS


1-Em números

326
jornalistas presos
-6% comparado com os números de 2016

Entros os quais

202 jornalistas profissionais

107 jornalistas cidadãos

17 colaboradores das midias




Em 1° de dezembro de 2017, 326 jornalistas estavam presos ao redor do mundo por terem exercido sua missão de informar. É menos do que em 2016, quando foram registrados 348 jornalistas atrás das grades (187 jornalistas profissionais, 146 jornalistas cidadãos e 15 colaboradores de mídias presos). Foi principalmente o número de jornalistas cidadãos que voltou a cair, e sobretudo na China, onde a falta de transparência das autoridades sobre o destino dos jornalistas não permite ainda que estatísticas sejam facilmente definidas.


Nesse país onde as autoridades demonstram total falta de transparência com relação ao destino dos jornalistas presos, a RSF conseguiu refinar sua coleta de dados graças à abertura, este ano, de seu escritório em Taiwan.


Ainda que a tendência geral seja de queda, certos países se destacaram no sentido inverso, com um número surpreendentemente alto de jornalistas presos este ano. É o caso do Marrocos, onde um jornalista profissional, Hamid El Mahdaoui, quatro jornalistas cidadãos e três colaboradores de meios de comunicação estão atualmente detidos por terem coberto a revolta popular que agita a região do Rife desde 2016, assunto considerado extremamente sensível pelo governo. Há um ano, na mesma data, não havia nenhum jornalista nas prisões marroquinas. Na Rússia, a pressão se intensifica contra as mídias independentes e os jornalistas investigativos que abordam, em Moscou ou no interior, temas como corrupção. Cinco jornalistas e um blogueiro estão atualmente atrás das grades no país.


2 - As cinco maiores prisões do mundo


Quase a metade dos jornalistas presos ao redor do mundo encontram-se em somente cinco países.


China: uma morte lenta atrás das grades

A China continua a ser a maior prisão de jornalistas do mundo (todas as categorias incluídas) e segue aprimorando seu arsenal de medidas para reprimir jornalistas e blogueiros. O regime de Pequim não aplica mais a pena de morte contra seus oponentes, mas, deliberadamente, deixa que sua saúde se deteriore na prisão até que morram.



Este ano, descobriu-se que o ganhador do prêmio Nobel da Paz e do prêmio RSF Liu Xiaobo e o blogueiro Yang Tongyan, dois prisioneiros condenados a longas penas, estavam com um câncer em fase terminal e morreram pouco após sua transferência para o hospital. A comunidade internacional teme agora pela vida do fundador do site de notícias 64 Tianwang, Huang Qi, vencedor do prêmio RSF 2004, preso na penitenciária de Mianyang onde é vítima de violências, recusa de tratamento e das pressões para forçá-lo a se declarar culpado.


Turquia, a detenção provisória como arma punitiva


Alvo de uma purga sem precedentes desde a tentativa de golpe de julho de 2016, a Turquia permanece como a maior prisão do mundo para os jornalistas profissionais (42 + 1 colaborador). Sob o estado de emergência, o direito a um processo justo e equilibrado não existe mais e o arbitrário afeta a todos. Opiniões críticas com relação ao governo, uma colaboração com meios de comunicação considerados «suspeitos», um contato com uma fonte sensível ou o uso de um aplicativo de mensagens criptografas são o suficiente, geralmente, para que os jornalistas sejam jogados na prisão sob acusação de «terrorismo». A grande maioria deles não foi nem mesmo condenada: a detenção provisória, supostamente uma medida de exceção, tende a se tornar permanente e sistemática na Turquia. Alguns jornalistas esperam há um ano e meio atrás das grades uma decisão que não chega. É o caso, por exemplo de Şahin Alpay do diário Zaman, da jornalista Nazlı Ilıcak, que trabalhava para o jornal Bugün e do repórter do DIHA, Nedim Türfent. Mesmo que ainda excepcional, este regime arbitrário se aplica, agora, aos estrangeiros. O jovem jornalista francês Loup Bureau ficou 51 dias em detenção, antes dele, o fotógrafo Mathias Depardon havia permanecido um mês preso em um centro de detenção, antes de ser expulso do país.

O balanço da RSF conta com uma metodologia rigorosa que pretende estabelecer, caso a caso, a relação entre a detenção e o exercício do jornalismo. Entre a centena de jornalistas presos na Turquia, a RSF tem condições de afirmar que, pelo menos, 43 foram detidos por razões profissionais. Inúmeros outros casos estão atualmente sendo investigados.


Vietnã, uma chegada no pelotão da frente

Triste desempenho: Com 19 jornalistas na prisão, o Vietnã se tornou em 2017 uma das cinco maiores prisões do mundo para jornalistas, passando assim a frente do Egito, que ainda mantém 15 jornalistas atrás das grades (comparado a 27 no ano passado). Censura, detenção arbitrária, violências encobertas pelo governo... Hanói entrou, nos últimos meses, em uma onda de repressão sem precedentes contra qualquer liberdade de informar. Pelo menos 25 blogueiros foram presos ou expulsos do país. Dezenove permanecem detidos até hoje. Todos motivos para que a RSF continue com a campanha #StopTheCrackdownVN.


3-Presos para dar exemplo

Os jornalistas não são somente perseguidos por seus textos, vários podem também apodrecer nas prisões dos governos autoritários para servir de exemplo, aterrorizando e calando mais facilmente seus colegas, ou para servir de forma de pressão em conflitos que não dizem respeito diretamente a eles.



É o caso, sobretudo, do jornalista egípcio Mahmoud Hussein Gomaa. Sua história é a de um homem mantido em detenção provisória, sem nenhuma acusação sólida, há cerca de um ano. Seu erro: ter voltado ao seu país para as festas de fim de ano, sendo que ele exerce sua profissão de jornalista em Doha, para a rede Al-Jazeera do Catar, pior pesadelo do governo egípcio. Mahmoud Hussein, visivelmente vítima da guerra que seu país trava contra a mídia que o emprega, encontra-se hoje acusado «de incitação ao ódio e publicação de informações falsas».


Na Turquia, Deniz Yücel, o correspondente do Die Welt, preso desde fevereiro de 2017, também é vítima de um conflito que vai além dele. Nascido na Alemanha de pais turcos, o repórter de dupla nacionalidade, 44 anos, foi detido por «propaganda terrorista» e «incitação ao ódio», mas ainda não recebeu a devida acusação formal. O presidente Erdoğan, que o qualifica como espião e criminoso em seus discursos, parece ter feito do jornalista um refém em suas relações cada vez mais tumultuadas com a Alemanha.


No Vietnã, o nome de “Me Nam” (Mãe cogumelo) faz parte da longa lista de blogueiros presos desde que o braço duro do partido comunista tomou o poder dos reformadores durante o congresso de 2016 e quer agora retomar o controle total da informação. Por ter sido uma das principais figuras da liberdade de expressão do país e ter, sobretudo, ousado abordar o tema das violências policiais nas redes sociais, a blogueira Nguyen Ngoc Nhu Quynh (seu nome verdadeiro) foi condenada no final de junho a dez anos de prisão por «propaganda antiestatal» ao final de um único dia de processo a portas fechadas.


Nos Camarões, o correspondente da RFI, Ahmed Abba, é outra vítima colateral de assuntos nacionais. O simples fato de tratar das crises que o país atravessou - insurreição de Boko Haram ao norte, manifestações nas regiões anglófonas ao sul - pode ser sancionado sob os mais diversos pretextos. A prisão prolongada do jornalista ilustra a determinação das autoridades em querer controlar o discurso público e evitar qualquer questionamento da autoridade do Estado. Apesar da mobilização da RSF e de várias outras associações de jornalistas e organizações internacionais que pedem pela sua libertação, Ahmed Abba foi condenado em abril de 2017 a dez anos de reclusão por «lavagem do produto de um ato terrorista». O veredito de seu processo deverá ocorrer na quinta, 21 de dezembro.


"Os journalistas mortos"

"Os jornalistas reféns"

"Os jornalistas desaparecidos"

"As ações da RSF"

Resumo

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