No Brasil, o futebol não anda bem. Mas pior anda a liberdade de imprensa.
Por ocasião do Mundial de futebol, Repórteres sem Fronteiras lança uma campanha de sensibilização para denunciar os ataques à liberdade de informação e os atos de violência cometidos diariamente contra os jornalistas no Brasil.
Perante as ameaças, agressões e assassinatos de jornalistas no país do futebol, Repórteres sem Fronteiras dá o apito inicial de uma campanha que procura alertar contra a vaga de violência que se estende sobre o conjunto da profissão. Realizada pela agência BETC, essa campanha está disponível em francês, inglês e português. É composta por um visual com as cores do Brasil acompanhado pelo slogan “No Brasil, o futebol não anda bem. Mas pior anda a liberdade de imprensa”, seguido da bandeira do Brasil com o Cristo-Rei do Rio dentro da esfera azul e levando as mãos à cabeça.
Desde 2004, foram assassinados 21 jornalistas, dos quais 12 no decorrer dos últimos três anos. Executados na via pública, suas vozes foram sacrificadas em nome da corrupção, do narcotráfico e dos conflitos de interesse. “A derrota da Seleção na Copa do Mundo pode ter sido traumática, mas não deve fazer esquecer outras derrotas bem mais graves para o país, em termos de liberdade de informação e em especial de segurança dos jornalistas no Brasil”, sublinha Christophe Deloire, secretário-geral de Repórteres sem Fronteiras.
Desde o início do ano, Repórteres sem Fronteiras já contabilizou pelo menos 54 agressões a jornalistas. No passado mês de fevereiro, pela primeira vez desde o começo das revoltas populares contra a Copa do Mundo, um jornalista – de seu nome Santiago Ilídio Andrade – sucumbiu à violência dos confrontos entre manifestantes e forças da ordem, enquanto cobria uma ação de protesto no Rio para a TV Bandeirantes. No mesmo mês, mais dois jornalistas Pedro Palma e José Lacerda da Silva – foram brutalmente abatidos. O Brasil tem de dar resposta a uma emergência: proteger seus jornalistas.
No passado dia 10 de julho, o secretário-geral de Repórteres sem Fronteiras, Christophe Deloire, se encontrou com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, no palácio presidencial do Planalto, em Brasília, e com responsáveis do Ministério das Relações Exteriores. O secretário-geral insistiu na gravidade dos recentes ataques cometidos contra os jornalistas e evocou os perigos para a liberdade de informação e as recomendações apresentados no relatório “O país dos trinta Berlusconis”, publicado em janeiro de 2013 por Repórteres sem Fronteiras.
O Brasil se encontra na 111ª posição entre 180 países na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa.
O visual da campanha é de utilização livre, com a menção dos créditos © BETC para Repórteres sem Fronteiras.