Tanzânia

A morte súbita do presidente John Magufuli em março, poucos meses após sua reeleição para um segundo mandato, deixou os profissionais da mídia na incerteza. Desde que assumiu o poder em 2015, o homem que foi apelidado de “trator” gradualmente levou seu país ao autoritarismo, não tolerando nenhuma forma de crítica a si mesmo ou às suas políticas. Em 2019, o jornalista investigativo Erick Kabendera pagou o preço. Seus artigos críticos sobre a economia, a governança e a corrupção do país lhe valeram sete meses atrás das grades e acusações que já mudaram três vezes. Incapaz de resistir, a justiça enviou através deste episódio uma mensagem assustadora. O jornalista Azory Gwanda, que estava investigando assassinatos suspeitos de autoridades locais, está desaparecido desde novembro de 2017 em total descaso pelas autoridades. Em 2019, o Ministro das Relações Exteriores declarou que o repórter estava morto, para em seguida retirar suas declarações. Alguns meses antes, dois ativistas da liberdade de imprensa que estavam investigando esse desaparecimento haviam sido expulsos do país. Não há mais nenhum poder capaz de proteger os jornalistas e os meios de comunicação na Tanzânia. Estes últimos continuam a ser afetados pela dança de suspensões arbitrárias, cerca de vinte desde 2015. A imprensa privada que se desvia da linha do regime tem seus recursos publicitários públicos imediatamente derretidos. A crise do coronavírus apenas ampliou o clima de medo em que a autocensura ganha espaço. O presidente Magufuli minimizou fortemente, ou até negou, a realidade da epidemia, nenhum número tendo sido divulgado desde abril de 2020, e vários jornalistas e meios de comunicação que criticaram a gestão da crise foram suspensos. A guerra contra a informação independente também é exercida pela adoção de leis e regulamentos cada vez mais restritivos. Em 2020, novos textos proibiram a publicação de informações "relativas a uma doença mortal" ou de conteúdos veiculados pela imprensa estrangeira sem a aprovação das autoridades.