Zimbábue

Oficialmente eleito em julho de 2018, Emmerson Mnangagwa, ex-vice-presidente de Robert Mugabe, prometeu fortalecer os pilares da democracia, da qual fazem parte os meios de comunicação, constantemente amordaçados e reprimidos durante os 37 anos de governo do ex-ditador. Infelizmente, Mnangagwa foi notório por reprimir dissidentes quando era ministro da Segurança Nacional e seus primeiros passos em relação à liberdade de imprensa foram marcados mais por promessas do que por qualquer progresso concreto em matéria de liberdade de imprensa. Embora o acesso à informação tenha melhorado e a autocensura tenha diminuído, os jornalistas ainda são regularmente agredidos ou presos. O corte das redes sociais no início de 2019, quando grandes protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis foram organizados, mostra que o regime não abandonou o uso da cibercensura para impedir a circulação de informações. O ano de 2020 foi, sem dúvida, um balde de água fria nas esperanças de um renascimento do exercício do jornalismo no país. Entre a Nigéria e Uganda, o Zimbábue se posicionou no pódio dos países africanos mais repressivos para jornalistas em conexão com a cobertura da pandemia. Depois de ajudar a revelar um escândalo de corrupção sobre os meios implementados para combater a Covid-19, o jornalista investigativo Hopewell Chin'ono passou a maior parte do segundo semestre na prisão. Sua detenção arbitrária é o símbolo gritante de um regime que ainda está muito longe de ter virado a página de anos de predação da informação. Intimidação, ataques verbais e confisco de material permanecem comuns por parte de um aparato de segurança que ainda não perdeu o mau hábito de reprimir os profissionais da informação. O fim do monopólio da radiodifusão há muito detido pela emissora estatal de rádio e TV ZBC começou a parecer ilusório quando as licenças foram concedidas a canais de TV e rádios comunitárias ligadas a militares e ao partido no poder. No âmbito jurídico, o arsenal extremamente repressivo do país contra a imprensa ainda está em vigor. Pior ainda, as novas leis adotadas contêm disposições tão repressivas quanto as que elas substituíram. O projeto de lei em preparação sobre crimes cibernéticos, que permitiria o aparato de segurança a espionar legalmente discussões privadas, preocupa os jornalistas, principalmente desde que o chefe do exército associou as redes sociais a uma "ameaça à segurança nacional".