Chade

É difícil ser jornalista no Chade e o assédio se intensificou em 2020, antes das eleições presidenciais marcadas para outubro de 2021. Mais de uma dúzia de jornais foram suspensos com a aplicação da nova lei de imprensa, que exige um nível mínimo de qualificação para dirigir uma redação - uma aparente vontade de profissionalizar o setor que, na realidade, ameaça provocar o desaparecimento de muitos veículos independentes. Os repórteres são frequentemente presos por causa do que escrevem. A maioria deles é libertada rapidamente, mas outros são mantidos em detenção arbitrária por várias semanas ou meses e alguns são maltratados na prisão. Em 2019, o editor de um jornal, inicialmente processado por difamação por uma ex-ministra, foi condenado a três anos de prisão por "associação para fins de crimes informáticos", ambas acusações completamente inventadas pela promotoria para poder mantê-lo em detenção. Atacado fisicamente e preso em condições terríveis, ele foi finalmente libertado após oito meses de detenção sem motivo. As investigações e matérias que abordam a impunidade ou criticam o presidente Idriss Déby Itno e os seus não são toleradas e podem levar à expulsão de jornalistas estrangeiros, ao sequestro e à prisão arbitrária dos jornalistas locais, além da suspensão de veículos de comunicação nacionais, como aconteceu a um semanário em 2018. Os jornalistas estão expostos à ameaça terrorista, como atesta a morte de um cinegrafista da televisão nacional após a explosão de uma mina em 2019. Eles também sofrem com intensidade a violência policial quando cobrem protestos contra o governo. Em 2020, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo no pátio de uma rádio privada e prendeu cerca de trinta jornalistas que estavam trabalhando ou em treinamento. Em protesto, as estações de rádio realizaram a greve do “Dia sem Rádio”, semelhante à greve do “Dia sem Imprensa” que a mídia impressa convocou em 2018, mostrando que as organizações de jornalistas locais não ficariam em silêncio diante da perseguição. O amordaçamento também se faz online. Entre 2018 e julho de 2019, as redes sociais foram cortadas por 470 dias consecutivos, tornando o Chade um dos piores cibercensores do continente africano nos últimos anos.