Dois jornalistas assassinados no intervalo de uma semana (versão portuguesa)

Repórteres sem Fronteiras condena energicamente os assassínios de Augusto Pedro, correspondente do diário Jornal de Angola (público), na província de Bengo (Oeste), e Benício Wedeinge, director do canal público de televisão TPA, na província de Cunene (Sul).

“Estamos extremamente contristados com esses dois crimes. No entanto, a situação da imprensa melhorou consideravelmente desde o fim da guerra civil, em 2002, e o Presidente José Eduardo dos Santos anunciou a sua intenção de liberalizar a paisagem mediática angolana. A realização próxima das primeiras eleições gerais desde há quinze anos é um sinal muito positivo para a democratização do país. Assim, apelamos para as autoridades no sentido de garantirem aos jornalistas, às vezes vítimas de ameaças, um clima sereno de trabalho, primeiramente ao esclarecer esses dois assassínios”, declarou Repórteres sem Fronteiras.

No último dia 8 de julho, numa estação de serviços da Avenida Deolinda Rodrigues, em Luanda, Augusto Sebastião Domingos Pedro foi espancado até à morte, após altercação com um motorista chamado Bento Valente. O jornalista tinha 40 anos e trabalhava no Jornal de Angola, único diário do país, desde 1997.

No dia 16 de julho, foi a vez de Benício Wedeinge encontrar a morte. A sobrinha do jornalista, Ana Bela, conta que o tio foi morto com dois tiros, disparados por um desconhecido, que tinha tentado entrar, de madrugada, na casa do jornalista, em Onjiva, capital da província de Cunene. O criminoso continua foragido.

Esses dois assassínios lembram tristemente que Angola foi, nos anos 90, um país particularmente assassino para os jornalistas. Repórteres sem Fronteiras associa-se ao Jornal de Angola e ao Presidente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Avelino Miguel, para pedir às autoridades a abertura de investigações. De acordo com Miguel, essa escalada de violência participa numa estratégia geral de intimidação dos mass media, agora que as eleições prometidas pelo Presidente estão próximas, embora a data da sua realização ainda não tenha sido determinada. A liberdade de imprensa em Angola é consideravelmente limitada, pois o o Estado detém praticamente o monopólio sobre a informação, e também porque as leis relativas à difamação são muito estritas.

Repórteres sem Fronteiras expressa as suas sinceras condolências às famílias das duas vítimas.

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Updated on 16.10.2016