China: um ano após o início da pandemia de Covid-19, sete jornalistas continuam presos por cobrir a crise sanitária

Detidos quando tentavam informar sobre uma então emergente epidemia na região de Wuhan, há um ano, sete jornalistas e comentaristas chineses continuam presos. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) faz um apelo pela libertação deles e pela intensificação da pressão internacional sobre o governo chinês.

Desde a eclosão da Covid-19 no país há um ano, o governo chinês redobrou seus esforços para censurar as informações nos meios de comunicação e nas redes sociais. Pelo menos dez jornalistas e comentaristas que cobriam a crise sanitária foram presos no ano passado. Sete deles ainda estão detidos ou são dados como desaparecidos: Zhang Zhan, Ren Zhiqiang, Guo Quan, Cai wei, Chen Mei, Chen Qiushi e Fang Bin.


Informar o público sobre uma crise sanitária sem precedentes não é crime! Esses jornalistas nunca deveriam ter sido presos”, indigna-se o diretor do escritório da RSF para o Leste Asiático, Cédric Alviani, que apela pela libertação destes jornalistas e pede para a comunidade internacional "aumentar a pressão sobre o governo chinês para libertar todos os jornalistas presos na China e acabar com a censura."


Dos sete jornalistas e comentaristas detidos há quase um ano, apenas dois foram julgados e condenados: 

  • A ex-advogada que virou jornalista, Zhang Zhan, 37 anos, foi condenada no último dia 28 de dezembro a quatro anos de prisão por ter "provocado brigas e causado distúrbios" quando cobria a explosão da Covid-19 ao vivo da cidade de Wuhan, em fevereiro de 2020.
  • O comentarista político Ren Zhiqiang, 69, foi condenado em 22 de setembro de 2020 a 18 anos de prisão por "corrupção", depois de ter questionado o governo sobre a gestão da pandemia.
  • O comentarista político Guo Quan, 52, está preso desde 31 de janeiro de 2020 na cidade de Nanjing por "subversão do poder do estado", após ter publicado informações sobre a pandemia.
  • Os defensores da liberdade de imprensa Cai Wei e Chen Mei, ambos com 27 anos, foram presos no dia 19 de abril de 2020 sob a acusação de ter "provocado brigas e causado distúrbios" depois de publicar notícias online sobre a pandemia e deverão comparecer ao tribunal em abril de 2021.
  • O jornalista freelancer Chen Qiushi, 35, foi colocado em quarentena forçada em 6 de fevereiro de 2020 e acredita-se que permaneça detido até agora por compartilhar vídeos em seu blogue revelando o caos nos hospitais de Wuhan.
  • O empresário que virou repórter, Fang Bin,desapareceu em 9 de fevereiro de 2020 após documentar o estado de saturação dos hospitais da cidade de Wuhan e acredita-se que ainda esteja detido, embora o regime não tenha comunicado nada sobre ele.


A China, que lançou uma verdadeira campanha de desinformação global destinada a silenciar vozes críticas em todo o seu território, é a maior prisão do mundo para jornalistas, com pelo menos 119 presos. O país estagnou no 177º lugar entre os 180 países do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da RSF.

 

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Updated on 09.02.2021