Catar

Cenário midiático

A imprensa tradicional do Catar se distingue pela homogeneidade de sua cobertura: as mesmas manchetes ganham a primeira página e destacam as ações do emir e de sua comitiva. O canal de televisão Al Jazeera é o mais conhecido no mundo. Um embrião muito limitado de pluralismo encontra-se na existência de meios de comunicação comunitários em diferentes idiomas dirigidos por cidadãos expatriados, como o site de notícias Doha News.

Contexto político

A linha editorial da mídia está intimamente ligada ao contexto político do momento. Durante as Primaveras Árabes, a cobertura das revoltas populares estava diretamente alinhada com a posição oficial do Catar. O tratamento da informação tem sido orientado ora pelo bloqueio que lhe foi imposto em 2017 pelos vizinhos do Golfo, ora pelo restabelecimento de suas relações diplomáticas.

Quadro jurídico

Os jornalistas locais têm menos margem de manobra contra um arsenal jurídico repressivo, do qual foi vítima o site Doha News, fechado em 2016 e depois reaberto, e um forte sistema de censura. Uma lei sobre cibercriminalidade adotada no final de 2014 e endurecida em 2020 impõe restrições aos jornalistas e torna a disseminação de "notícias falsas" na Internet um delito criminal.

Contexto económico

A rede Al Jazeera, financiada pelo Estado, conta com recursos consideráveis e um conjunto de apresentadores que recebem uma remuneração suficientemente confortável para ignorar assuntos comprometedores para o seu empregador, incluindo alguns apresentadores estrelas que são extremamente populares no mundo árabe.

Contexto sociocultural

O Catar possui uma população majoritariamente imigrante, o que se reflete na diversidade de jornalistas empregados na mídia local. O destino dos trabalhadores imigrantes, em especial daqueles mobilizados para os canteiros de obras da Copa do Mundo de 2022, é assunto tabu no país. Ainda que a seção inglesa da Al Jazeera tenha dedicado algumas reportagens a esse assunto, nada foi reportado na matriz, a seção árabe. A religião, a pessoa do emir, os direitos das mulheres ou mesmo os direitos LGBT são temas igualmente restritos.

Segurança

Vários jornalistas foram presos, detidos ou até expulsos por terem, em sua maioria, se interessado demais pelas condições de trabalho dos trabalhadores imigrantes. As autoridades não hesitam, se necessário, em condenar os blogueiros residentes no território por “divulgar informações falsas”. Foi assim que o blogueiro Malcolm Bidali foi mantido na prisão durante um mês até ser deportado para o seu país de origem, o Quênia, mediante o pagamento de uma multa.