Após a alarmante deterioração da liberdade de imprensa sob o comando do ex-presidente Ian Khama, caracterizada pelas detenções de jornalistas investigativos, por um gigantesco ataque cibernético contra um site de notícias e pela queda de oito posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa entre 2013 e 2018, quando o presidente Mokgweetsi Masisi chegou ao poder, os ataques à imprensa diminuíram. Mokgweetsi Masisi dá regularmente entrevistas coletivas, algo que seu antecessor nunca havia feito em seus 10 anos no poder. Ainda assim, os veículos estatais estão longe de fornecer informações de serviço público e permanecem, em grande parte, sob a influência do governo, a ponto de agora estarem diretamente sob a responsabilidade da presidência. Os jornais privados são raros e dependem das receitas publicitárias que o Estado escolhe alocar ou não. Três anos após a sua posse, Mokgweetsi Masisi ainda não honrou sua promessa de revisar leis draconianas como o Media Practitioners Act de 2008, apontada por jornalistas como limitadora da liberdade de informação, e a legislação sobre acesso à informação, que ainda não viu a luz do dia. A crise sanitária acabou levando a um endurecimento do arsenal legislativo. Jornalistas podem ser sentenciados a até cinco anos de prisão por publicarem informações relacionadas à Covid-19 de outras fontes que não sejam o diretor dos serviços de saúde ou a OMS. A perda de receita publicitária ligada à pandemia também alimentou a autocensura dos meios de comunicação que buscam reter anunciantes. E uma queda na renda aumentou a vulnerabilidade dos jornalistas, tornando-os mais propensos à corrupção.
Botsuana