Amazônia: RSF amplia atuação na região com monitoramento de violações ao direito à informação

O jornalismo livre e plural na Amazônia é crucial para a agenda climática. Ter informações confiáveis sobre o que acontece em áreas isoladas do bioma, mas também nos centros urbanos encravados na maior floresta tropical do mundo, é indispensável para a construção de caminhos e estratégias para preservar as condições de vida na Terra. 

O brutal assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira em junho de 2022 chamou atenção para o risco que correm aqueles que jogam luz sobre diferentes violações de direitos ocorridas na Amazônia brasileira. Os obstáculos à liberdade de imprensa na região, porém, se expressam diariamente, de diversas maneiras, e não podem ser medidos apenas pelo número de jornalistas e comunicadores assassinados. 

De um lado, está o desafio da ausência de infraestrutura e recursos adequados para produzir informação, em um cenário político polarizado e permeado por desinformação. De outro, pressões econômicas e judiciais, ameaças, agressões físicas e outras práticas de intimidação que de modo sistemático visam silenciar as vozes que denunciam abusos e violações de direitos humanos e socioambientais.

“Ameaças e diferentes formas de violência contra a imprensa impedem que o público conheça a realidade da região e os crimes cometidos contra a floresta e o planeta. A relevância global da Amazônia para a agenda climática e as dificuldades de obtenção de informações confiáveis, especialmente em áreas remotas, exigem um esforço direcionado de monitoramento dos obstáculos à atuação do jornalismo”.

Artur Romeu
Diretor do escritório regional da RSF para a América Latina

Para alcançar esse objetivo, o escritório da Repórteres sem Fronteiras (RSF) para a América Latina lançou o projeto “Observatório de Violações da Liberdade de Imprensa na Amazônia”, apoiado pela Embaixada dos Países Baixos. O objetivo é mapear casos de violação à liberdade de imprensa e ao direito à informação na Amazônia brasileira até junho de 2024.

Os dados serão expostos por meio da publicação de mapas, relatórios e diferentes conteúdos informativos, e devem fortalecer ações de advocacy e assistência a jornalistas, comunicadores e meios de comunicação em risco em decorrência de sua atividade na região.

“Além de registrar episódios específicos de violência, nos interessa analisar tendências e compreender os obstáculos estruturais à liberdade de imprensa e ao direito à informação na Amazônia. Por meio de relatórios periódicos, pretendemos denunciar situações amplas e recorrentes relacionadas à falta de independência e de pluralismo, que comprometem a circulação de informações independentes e confiáveis sobre a região”, explica Romeu.

Além da busca ativa de episódios de violações, realizada por duas jornalistas baseadas na Amazônia, o projeto também conta com um formulário aberto para recepção de denúncias de ameaças, agressões ou intimidações a jornalistas e meios de comunicação.

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