Repórteres sem Fronteiras lança o RSF Digital Security Lab

Exatamente um ano após as revelações do uso massivo do software espião Pegasus, visando principalmente jornalistas, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) apresentará, no dia 18 de julho de 2022, seu Digital Security Lab: um laboratório forense digital criado para ajudar a combater ameaças de vigilância online.

Com sede em Berlim, o Digital Security Lab foi projetado para realizar análises aprofundadas de dispositivos de jornalistas que suspeitam ser alvo de vigilância digital. Seja uma infecção de seus dispositivos por um vírus ou uma invasão de suas contas nas redes sociais, os jornalistas são confrontados com muitas ameaças para as quais é preciso ter soluções fortes e rigorosas. 

“O uso de ataques digitais é infame e insidioso”, declarou Christophe Deloire, secretário-geral da RSF. “Os jornalistas são os alvos favoritos dessas agressões invisíveis. A RSF não os abandonará diante de mercenários digitais, predadores da liberdade de imprensa”, afirmou.

“O escândalo Pegasus mostrou que as ameaças ao jornalismo são, infelizmente, muito reais”, acrescentou Christian Mïhr, diretor da Repórteres sem Fronteiras para a Alemanha. “Com o Digital Security Lab, a RSF está respondendo aos muitos pedidos de ajuda que recebemos, de jornalistas de todo o mundo, que temem estar sendo espionados ou se tornarem alvo de outras formas de ataques cibernéticos.”

Qualquer jornalista pode pedir a ajuda do Digital Security Lab caso suspeite que seus dispositivos foram espionados devido ao seu trabalho. Há vários sinais de alerta. Por exemplo, tentativas de phishing sofisticadas (mensagens suspeitas contendo links maliciosos), vazamentos inexplicáveis de informações ou até mesmo medidas repressivas por parte de Estados autoritários devem fazer com que os jornalistas se preocupem com a proteção de seus dispositivos e submetam-os a verificações.

O novo Digital Security Lab é formado por uma equipe de três especialistas cuja missão é examinar dispositivos de jornalistas em busca de vestígios de spyware. Como hackers costumam usar técnicas de phishing para induzir jornalistas a clicar em um link comprometido ou a abrir um anexo infectado, a busca por pistas e rastros digitais começa com a análise de mensagens suspeitas, para determinar se elas escondiam algum spyware. Em seguida, a equipe examina os programas instalados no dispositivo e verifica a existência de outros rastros de dados que possam fornecer pistas sobre programas ou atividades executadas anteriormente.

Em 18 de julho de 2021, uma pesquisa de uma rede internacional de meios de comunicação revelou que os telefones de dezenas de milhares de políticos, ativistas dos direitos humanos e jornalistas potencialmente haviam sido hackeados por meio do spyware Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. A lista de números de telefone infectados incluía mais de 200 jornalistas. Em 20 de julho de 2021, a RSF e dois jornalistas franco-marroquinos prestaram queixa contra X junto ao Ministério Público de Paris para que fosse aberta uma investigação e esclarecido o caso.

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