Prêmio RSF para a liberdade de imprensa: os vencedores de 2023

A cerimônia da 31a edição do Prêmio Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a liberdade de imprensa, que ocorreu na terça-feira 28 de novembro em Bruxelas, premiou o jornalista colombiano Juan Pablo Barrientos (categoria impacto), o blogueiro Mohamed Oxygen (categoria coragem), o fundador do jornal elPeriódico, Jose Rubén Zamora (categoria independência) e a fotógrafa francesa Karine Pierre (categoria Foto “Lucas Dolega-SAIF”).

Todos os anos, o prêmio RSF celebra o trabalho de jornalistas e meios de comunicação que contribuíram de maneira notável para a defesa e promoção da liberdade de imprensa no mundo. A 31a cerimônia de entrega ocorreu em Bruxelas, no dia 28 de novembro, em presença da diretora do Centro para as Liberdades Civis, prêmio Nobel da paz de 2022, Oleksandra Matviichuk, e da vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova. Este ano concorreram 21 indicados de 18 países.



Os prêmios foram atribuídos ao jornalista colombiano Juan Pablo Barrientos, que, apesar da repressão, segue revelando casos de crime e corrupção no país (categoria impacto); ao blogueiro Mohamed Oxygen, pelo seu engajamento a serviço do direito à informação no Egito (categoria coragem); ao fundador do elPeriódico, Jose Rubén Zamora, que está atualmente preso na Guatemala, vítima de assédio judicial em decorrência das investigações sobre corrupção reveladas pelo seu jornal (categoria independência); e à fotógrafa francesa Karine Pierre pela sua emocionante fotorreportagem Take me home!, sobre dois centros de acolhida que abrigam centenas de mulheres e crianças rejeitadas no Paquistão (categoria Foto “Lucas Dolega-SAIF”).



O júri desta 31a edição do Prêmio RSF, composto por eminentes jornalistas e defensores da liberdade de imprensa, foi presidido pelo jornalista e cronista francês Pierre Haski, presidente da RSF. 

Prêmio Coragem

Mohamed Ibrahim Radwan (Mohamed Oxygen) (Egito)

Após a sua libertação no início de 2019, ao fim de uma pena de cinco anos de prisão, Mohamed Radwan foi posto sob vigilância permanente e não foi autorizado a retomar o trabalho. Mas quando as manifestações começaram em setembro daquele mesmo ano, o blogueiro conhecido pelo pseudônimo Mohamed Oxygen, por causa de seu blog Egypt's Oxygen, cobriu os protestos apesar das restrições impostas. Seu compromisso com o direito à informação foi visto como um ato de desafio pelas autoridades. Preso novamente, foi condenado a mais cinco anos de prisão por “publicar notícias falsas”. No Egito atual, o nome de Mohamed Oxygen é sinônimo de coragem no jornalismo.

Prêmio Impacto

Juan Pablo Barrientos (Colômbia)

Graças ao seu trabalho, a Colômbia descobriu no ano passado as identidades de 26 padres acusados de crimes sexuais. Autor do livro Dejad que los niños vengan a mí (“Deixem vir a mim as criancinhas”), Juan Pablo Barrientos é vítima de perseguições e tentativas de censura há sete anos devido às suas investigações sobre este e outros assuntos relacionados com casos de corrupção. Suas reportagens possibilitam à população colombiana identificar criminosos e lutar contra a impunidade.

Prêmio Independência

Jose Rubén Zamora (Guatemala)

Fundador do jornal elPeriódico, que durante duas décadas denunciou a corrupção da classe política guatemalteca, José Rubén Zamora tornou-se alvo de ameaças e um verdadeiro assédio judicial. Em julho de 2022, foi preso por um caso de lavagem de dinheiro e segue há mais de um ano em prisão preventiva. Seu jornal foi forçado a fechar em maio de 2023. Sua sentença a seis anos de prisão proferida em junho de 2023 foi anulada em recurso por irregularidades em 13 de outubro, mas ele permanece atrás das grades, esperando a definição de um novo  julgamento.

Prêmio de Fotografia “Lucas Dolega-SAIF”

Karine Pierre (França)

Karine Pierre começou na fotografia como autodidata, durante os atentados de novembro de 2015 em Paris, e entrou para a agência Hans Lucas no final de 2017.  Depois de Trípoli (Líbia), onde cobriu a linha de frente, partiu para Beirute, onde permaneceu por dois anos. Continuou com seus trabalhos a longo prazo enquanto colaborava com jornais como Le Monde e Washington Post. No Paquistão, realizou a série Take me home!, documentando as violências contra mulheres em dois centros de acolhida reservados a elas em Karachi e Multan. Repudiadas por seus maridos, rejeitadas por suas famílias, vítimas de anos de maus tratos, a maioria dessas mulheres passará o resto de suas vidas entre essas paredes.

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