Can Dündar arrisca-se a prisão perpétua
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Can Dündar incorre em pena de prisão perpétua por ter nos informado
Há vários anos que Recep Tayyip Erdogan vem procedendo a uma metódica tomada de controle da mídia turca. O atual Presidente da República dirige uma repressão cada vez mais feroz contra os jornalistas de todas as tendências, que inclui detenções, ameaças e intimidações indignas de uma democracia.
O editor-chefe do diário turco Cumhuriyet, Can Dündar, galardoado com o Prêmio RSF 2015, e o diretor da sucursal de Ancara, Erdem Gül, foram presos na noite de 26 de novembro de 2015 por terem revelado em maio desse ano a existência de entregas de armas pelos serviços secretos turcos a grupos islamistas sírios. Longe de merecerem a prisão, ambos os jornalistas dignificam o jornalismo, a busca da verdade e a defesa das liberdades.
O presidente Erdogan havia afirmado publicamente que Dündar devia “pagar caro”. Os jornalistas de Cumhuriyet fizeram apenas seu trabalho, divulgando uma informação de interesse público. Num momento em que a questão do terrorismo internacional se encontra no centro das preocupações de todos os países, não podemos tolerar que determinadas investigações e revelações sejam reprimidas no âmbito de um processo estritamente político.
Na sequência de uma mobilização na Turquia e no estrangeiro, Can Dündar e Erdem Gül foram liberados a 25 de fevereiro de 2016, após a Corte Constitucional ter julgado que a detenção preventiva violava seus direitos fundamentais. A campanha deu frutos mas é preciso fazer mais: Can Dündar e Erdem Gül continuam sendo acusados de espionagem e de terrorismo e incorrem numa pena de prisão perpétua sem possibilidade de anistia.
Seu julgamento começará a 25 de março de 2016. Repórteres sem Fronteiras lá estará, ao lado de estes dois heróis da informação.
Todos juntos, personalidades políticas, cidadãos, organizações de defesa da liberdade de imprensa e sindicatos, enviemos uma mensagem forte ao Presidente Erdogan e exijamos que retire todas as acusações contra Can Dündar e Erdem Gül.
Solicitemos às instituições e aos governos que tomem uma posição firme perante a deriva autoritária do presidente Erdogan.
Apelemos solenemente às autoridades turcas para que liberem todos os jornalistas presos devido à sua profissão ou a delitos de opinião e rejeitemos o deterioro evidente da liberdade de imprensa na Turquia.