RSF lança campanhas prioritárias para enfrentar ameaças atuais à liberdade de imprensa e ao direito à informação confiável em 2025

Uma parte significativa das ações da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) gira em torno de campanhas de mobilização realizadas em todos os níveis da ONG. Por meio de defesa de direitos, assistência, produção editorial, projetos especiais e trabalho de comunicação, a RSF alerta os tomadores de decisão e o público sobre os principais desafios que afetam a liberdade de imprensa e o direito à informação confiável. Em 2025, a RSF reforça seu compromisso com a proteção do jornalismo ambiental, o apoio a profissionais da mídia exilados e o combate ao assédio cibernético contra jornalistas na Índia. A RSF também continuará pressionando pela libertação de jornalistas presos, incluindo os casos emblemáticos deste ano: Sevinj Vagifgizi (Azerbaijão), Frenchie Mae Cumpio (Filipinas), Pham Doan Trang (Vietnã) e Sandra Muhoza (Burundi).

"Desde litígios criminais até ajuda a jornalistas em campo, desde a criação de programas de resposta a crises até o desbloqueio de sites censurados, desde o diálogo com chefes de Estado — incluindo regimes autoritários — até a proposição de padrões judiciais que apoiam o jornalismo, a RSF se destacou em 2024 por sua capacidade de ação e mobilização. 2025 será o ano de novas soluções e formas de mobilização. O lançamento de novas campanhas prioritárias é parte integrante da nossa estratégia para defender um jornalismo livre, independente e pluralista e para proteger os jornalistas e o direito de todos à informação confiável.

Thibaut Bruttin
Diretor-Geral da RSF

Após um ano de operações impactantes em 2024, a RSF planeja continuar em 2025 com cerca de dez campanhas prioritárias que enfrentam os desafios do jornalismo e do direito à informação confiável em todo o mundo. As campanhas da RSF para 2025 incluem: inteligência artificial e jornalismo; apoio a jornalistas em zonas de conflito, como a região do Sahel, Ucrânia e Gaza; defesa do pluralismo e da independência da mídia na França; e resposta aos obstáculos à liberdade de imprensa impostos pelo novo governo Trump nos Estados Unidos.

Este ano, a RSF também se compromete a fortalecer ações conjuntas em campanhas temáticas:

  • Apoio a jornalistas deslocados e exilados: Em 2024, a RSF destinou 70% de seus fundos de emergência para a realocação de jornalistas perseguidos em todo o mundo. Este ano, a ONG lança uma campanha prioritária para conscientizar e fortalecer o apoio aos jornalistas que são forçados a fugir devido às ameaças à sua vida.

  • Combate ao assédio em massa contra jornalistas na Índia: Os jornalistas enfrentam ameaças cada vez maiores, tanto online quanto offline. O assédio cibernético, as campanhas de ódio coordenadas, os trolls e os deepfakes se tornaram ferramentas amplamente utilizadas para desacreditar o trabalho dos jornalistas. Paralelamente, o assédio judicial é frequentemente usado como uma arma para silenciá-los. A RSF está comprometida em investigar, expor e apoiar esses profissionais da mídia perseguidos.

  • Proteção do jornalismo ambiental: A RSF revelou recentemente que mais da metade dos jornalistas assassinados na Índia na última década cobriam temas ambientais e que na Amazônia, repórteres que investigam questões ambientais enfrentam riscos elevados. A RSF pretende fortalecer a proteção e a capacidade de reportagem dos jornalistas que trabalham nesses temas críticos. Além disso, a ONG pressionará para que o jornalismo ambiental e o combate à desinformação sejam temas centrais nos compromissos assumidos na COP 30, que será realizada no Brasil em novembro.

Mulheres jornalistas sob ameaça

Além dessas campanhas temáticas, a RSF também ampliou sua lista de casos prioritários, que, pela primeira vez em sua história, é composta exclusivamente por mulheres jornalistas.

  • Sevinj Vagifgizi (Azerbaijão): O caso de Sevinj Vagifgizi, editora-chefe do meio de comunicação investigativo anticorrupção Absaz Media há 25 anos, é emblemático da recente onda de repressão no Azerbaijão, iniciada em 20 de novembro de 2023. À medida que o presidente Ilham Aliyev consolida seu poder após mais uma eleição fraudulenta, jornalistas e outros críticos do regime correm o risco de sofrer severas sanções nos próximos meses.

  • Frenchie Mae Cumpio (Filipinas): Jornalista de 25 anos, Frenchie Mae Cumpio enfrenta uma pena de 40 anos de prisão sob falsas acusações de "posse ilegal de armas" e "financiamento ao terrorismo". Seu caso destaca a preocupante prática de "red-tagging" nas Filipinas, onde jornalistas são rotulados como agentes subversivos e até terroristas por cobrirem temas considerados sensíveis pelo governo.

  • Pham Doan Trang (Vietnã): Jornalista, blogueira e vencedora do Prêmio RSF de Liberdade de Imprensa em 2019, Pham Doan Trang está presa desde outubro de 2020 e ainda tem cinco anos de sua pena de nove anos a cumprir. Ela continua sendo um símbolo inspirador de resistência à repressão generalizada no Vietnã, onde atualmente 39 jornalistas estão atrás das grades.

  • Sandra Muhoza (Burundi): Detida desde 13 de abril de 2024, a jornalista do meio online La Nova Burundi foi condenada em dezembro de 2024 a 21 meses de prisão. Com as eleições previstas para maio de 2025, a RSF faz um apelo ao presidente Évariste Ndayishimiye — cuja intervenção levou à libertação da jornalista Floriane Irangabiye em agosto de 2024 — para que tome medidas pela liberdade de Sandra Muhoza.

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