#CollateralFreedom: A RSF desbloqueia 22 mídias digitais censuradas em seus países

Por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Censura Cibernética, 12 de março, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) recolocou no ar 22 sites de mídias censuradas em seus países. Uma operação lançada em 2015 e que já permitiu a milhões de cidadãos ter acesso a uma informação livre e independente.

Desde a sua criação pela Repórteres sem Fronteiras (RSF) em 2015, a operação CollateralFreedom permitiu a cerca de trinta mídias censuradas em seus países que fossem desbloqueadas, graças à técnica chamada de “mirroring”. No total, 142 milhões de visitas foram geradas, graças a essa operação, em sites inicialmente censurados pelas autoridades. Para esta quinta edição, a RSF desbloqueou um total de 22 sites em 12 países nos quais a imprensa não é livre (China, Arábia Saudita, Irã, Vietnã, etc.).


"Dar testemunho de atentados aos direitos humanos na Arábia Saudita"


A iniciativa #CollateralFreedom permite ajudar a informar os cidadãos de países onde a imprensa está completamente amordaçada. Na Arábia Saudita, o site da ALQST (Advocating for Human Rights - em defesa dos direitos humanos) transmite informações coletadas no país para difundi-las ao redor do mundo. "Estamos enfrentando enormes dificuldades, contou à RSF o diretor do site, Yahya Assiri, de Londres, onde vive exilado. As tentativas das autoridades sauditas de nos calar são sistemáticas. Entre essas técnicas esta o bloqueio do nosso site."


O jornalista, assim como outros dissidentes sauditas, foi particularmente alvo de tentativas de hackear seu telefone, para vigiá-lo. "Tentamos contornar a censura difundindo nossas informações em outras plataformas, mas o ideal, para testemunhar sobre a situação dos direitos humanos na Arábia Saudita, é este sistema de site espelho, que nos permitira aumentar nosso público mais facilmente."


"Informar os paquistaneses que tem sede de verdade"


Entre as novas mídias desbloqueadas esta a Safenewsroom.org, fundada pelo jornalista paquistanês exilado em Paris Taha Siddiqui, Prêmio Albert Londres 2014. No Paquistão - 139o em 180 no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa - inúmeros ataques mortais são registrados a cada ano contra jornalistas. Algumas semanas após o seu lançamento em maio de 2018, o site, que documenta justamente a censura das mídias na Ásia, e especialmente no Paquistão, foi ele próprio censurado. "Nosso site permite que os internautas acessem uma informação honesta e independente, que o Estado não quer que leiam. Ele foi bloqueado sem motivo, testemunhou Taha Siddiqui. Graças a esta operação, poderemos voltar a informar os paquistaneses com sede de verdade. E vemos que eles são numerosos, como comprovam os números de audiência alcançados até o bloqueio do site."


Na China, onde mais de 50 jornalistas e blogueiros estão atrás das grades, o China Digital Times, que difunde informações não censuradas pelo país, também foi recolocado no ar graças à operação CollateralFreedom. A mídia tem como principal apoiador o laboratório de "contra-poder" da Escola de Informação da Universidade de Berkeley, na Califórnia.


"A CollateralFreedom é posta em prática, principalmente, graças a uma comunidade de desenvolvedores engajados pela liberdade de imprensa. Essa cadeia de solidariedade entre hackers éticos e defensores dos direitos humanos ajuda a RSF a recolocar no ar mídias independentes em países que são verdadeiros buracos negros da informação. Ela prova que a solidariedade é a melhor resposta diante da censura online", ressalta Elodie Vialle, responsável pelo Escritório de Jornalismo & Tecnologia da RSF.


Para desbloquear estes três sites, assim como os outros 19, a RSF utiliza uma técnica chamada de espelho, ou “mirroring” em inglês, que consiste em recolocar online uma cópia exata do site, sincronizada em tempo real e hospedada em grandes serviços informáticos, como Fasty, Amazon ou OVH. Para as autoridades dos países em questão, bloquear o acesso a esses sites espelho é muito difícil, pois seria preciso cortar a conexão com a totalidade dos serviços dos gigantes da Web em seu território. Isso acarretaria grandes danos colaterais para esses regimes inimigos da Internet, e é isso que a RSF lembra a eles por meio da operação CollateralFreedom.


A #CollateralFreedom gera um custo significativo de hospedagem dos sites. Ajude-nos a manter a operação, permitindo que milhões de cidadãos privados de uma informação livre continuem a ter acesso a ela.

 

Publié le
Mise à jour le 26.03.2019