Brasil: RSF discute com a coordenação da COP30 a importância do jornalismo no combate às mudanças climáticas

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) se reuniu com Ana Toni, coordenadora executiva da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2025 (COP30), para discutir os desafios enfrentados pelo jornalismo ambiental. A conversa abordou a desinformação sobre as mudanças climáticas nas redes sociais, a proteção de jornalistas ambientais e a sustentabilidade do jornalismo. A COP30 é um momento crucial para defender a informação confiável na luta contra as mudanças climáticas — uma oportunidade única que não pode ser desperdiçada.

Ana Toni desempenha um papel fundamental na definição dos temas que serão discutidos durante a COP30, que acontecerá em Belém, no norte do Brasil, em novembro. Ela se reuniu com a RSF e com o secretário de políticas digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em Brasília, no dia 14 de abril, para discutir os obstáculos à produção de informação confiável sobre o clima. Durante o encontro, a RSF destacou a importância de os países se comprometerem com políticas que protejam jornalistas e promovam e incentivem o jornalismo ambiental.

De acordo com o cruzamento de dados do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da RSF e com os do Banco Mundial sobre exploração de recursos naturais, os países onde o jornalismo é fortemente reprimido (classificados como "situação muito grave" no ranking) são responsáveis por quase um terço (31%) da extração de recursos naturais no mundo.

“As inúmeras violações — algumas delas extremamente violentas — ao direito dos jornalistas ambientais de informar afastam esses profissionais de reportagens essenciais. Essas tentativas alarmantes de silenciar coberturas vitais se somam à disseminação em massa de desinformação sobre a mudança climática, o que retarda decisões de países e sociedades para adotar medidas que mitiguem o aquecimento global. A COP30 representa uma oportunidade única para destacar o papel do jornalismo nas questões climáticas e para debater esse problema em alto nível. Na reunião com a coordenadora executiva da COP30, a RSF enfatizou que os países precisam urgentemente garantir o acesso de jornalistas a informações públicas e científicas sobre o meio ambiente e assegurar que os cidadãos tenham acesso a reportagens confiáveis sobre o tema. Parte fundamental dessa solução é avançar em políticas que regulem as plataformas digitais, que controlam o espaço informativo online, de modo a amplificar conteúdos jornalísticos confiáveis sobre a mudança climática.

Artur Romeu
Diretor da RSF América Latina

Na última década, pelo menos 24 jornalistas foram assassinados por investigarem o desmatamento, a mineração ilegal, a grilagem de terras, a poluição e outras catástrofes ambientais resultantes de atividades industriais e grandes obras. Dezenas de outros foram perseguidos, presos, torturados e submetidos a diversos tipos de pressão por parte de autoridades e empresas responsáveis por crimes ambientais.

Apesar da profunda relevância das reportagens sobre a exploração de recursos naturais e a violência que os crimes ambientais impõem às comunidades, essas histórias estão deixando de ser contadas — por medo do que pode acontecer com quem as denuncia. Jornalistas da América Latina que cobrem a crise climática estão especialmente em risco, como documentou a RSF no relatório "Amazônia: Jornalismo em Chamas.

Garantir condições seguras e sustentáveis para uma cobertura ambiental constante e confiável — que combata diretamente a desinformação crescente sobre o clima — não é apenas a coisa certa a se fazer. É uma decisão estratégica para os países que se preocupam com o futuro do nosso planeta.

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