103 jornalistas mortos em 150 dias em Gaza: uma tragédia para o jornalismo palestino

Em cinco meses, ao menos 103 jornalistas foram mortos em Gaza por ataques israelenses, incluindo pelo menos 22 no exercício das suas funções até o momento. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) faz um balanço de uma das guerras mais letais para os jornalistas.

Um número assustador: 103 jornalistas em Gaza foram mortos pelo exército israelense em cinco meses de guerra. Desde o primeiro dia do conflito, 7 de outubro, os nomes não pararam de ser acrescentados a este balanço terrível de uma tragédia ainda em curso. 

Jornalistas de televisão, rádio, imprensa escrita ou multimídia, fotógrafos ou operadores de câmera, 91 homens e 12 mulheres jornalistas de todas as idades estão entre as vítimas, todos palestinos. Foram mortos em diferentes locais da Faixa de Gaza, de norte a sul, incluindo Khan Yunis, ilustrando o fato de os jornalistas não terem refúgio neste território. 

Entre os repórteres mortos, pelo menos 22 jornalistas perderam a vida no exercício das suas funções ou por causa delas, de acordo com informações recolhidas pela RSF até o momento. Muitos deles estavam em campo, fazendo reportagens, claramente identificáveis como jornalistas, outros foram mortos por ataques que atingiram especificamente as suas residências. A RSF acionou duas vezes o Tribunal Penal Internacional por esses crimes contra jornalistas cometidos por Israel.

 

“Esses 103 jornalistas não são números, são 103 vozes que Israel silenciou. 103 testemunhos a menos sobre a catástrofe que se desenrola na Palestina, 103 vidas aniquiladas. Se os números mostram alguma coisa é que, desde 7 de outubro, nenhum lugar em Gaza é seguro, nenhum jornalista em Gaza é poupado e o massacre não para. Reiteramos o nosso apelo urgente para proteger os jornalistas em Gaza.

Christophe Deloire
Secretário-geral da RSF

Os três primeiros meses da guerra revelaram-se os mais mortíferos para os jornalistas: quase 80% das 103 mortes de jornalistas ocorreram entre 7 de outubro e 31 de dezembro de 2023. O equivalente a quase um jornalista morto por dia durante o período: 26 jornalistas mortos em 24 dias em outubro, 28 jornalistas em novembro, 26 jornalistas em dezembro. Desde 7 de outubro, os repórteres de Gaza têm convivido com “um perigo de morte onipresente”, como expressou a correspondente da RSF, Ola Al Zaanoun, recentemente evacuada de Gaza.  

Em janeiro, onze jornalistas foram mortos, incluindo os jornalistas da Al Jazeera, Hamza Dahdouh Moustapha Thuraya. Eles viajavam de carro quando um ataque israelense atingiu seus veículos. Em fevereiro, outros onze jornalistas foram mortos, uma média de um a cada quatro dias.

Não há refúgio para os jornalistas 

Durante estes cinco meses de guerra, jornalistas foram mortos em toda parte: nos seus escritórios, em campo, nas suas casas, nos campos de refugiados, em frente aos hospitais ou em seus carros. Nenhum lugar é seguro para os profissionais da mídia no enclave sitiado. Embora as incursões israelenses tenham se concentrado inicialmente no norte da cidade de Gaza, nos primeiros dois meses, elas também mataram pelo menos cinco jornalistas em Rafah durante este período. Desde 1o de dezembro, a linha de fogo mudou para Khan Yunis, no centro, e, em 2024, são iminentes as ameaças de uma invasão terrestre à Rafah, na fronteira egípcia fechada. Os jornalistas refugiados no sul vivem angustiados, sem ter mais para onde ir.

 

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