Diretor de rádio assassinado no estado do Rio de Janeiro, o primeiro do ano no continente americano
Diretor e co-proprietário da estação Rádio Barra FM no estado do Rio de Janeiro, Renato Machado Gonçalves tornou-se no primeiro jornalista assassinado no ano de 2013 sobre o continente americano.
“Embora a motivação do crime esteja ainda por determinar, o roubo parece excluído e o modo operatório aponta claramente para uma execução. A pista profissional deve ser seriamente contemplada pela investigação em curso. Desejamos saudar a memória de Renato Machado Gonçalves e enviar nossos pêsames a sua família e amigos, ao mesmo tempo que expressamos nossa preocupação pela segurança dos jornalistas após um ano de 2012 particularmente mortífero. Os recentes exílios de profissionais de renome como André Caramante – que entretanto regressou ao Brasil – e Mauri König realçam a necessidade urgente de uma maior proteção. O debate ao nível federal já teve início. Esperamos que conduza a conclusões o mais depressa possível”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
O jornalista estava saindo de sua residência, situado no mesmo edifício que a rádio, em São João da Barra (município do norte do estado), na noite de 8 de janeiro, quando dois indivíduos em uma moto se aproximaram e abriram fogo, de acordo com testemunhas. O jornalista teria recebido uma chamada telefónica antes de sair à rua. Atingido por quatro balas, das quais duas no tórax, o jornalista sucumbiu aos ferimentos após ter sido levado para o hospital Ferreira Machado, em Campos. A investigação foi confiada à 145ª delegacia de polícia, em São João da Barra.
Contatado por Repórteres sem Fronteiras, um colega de Renato Machado Gonçalves confirmou que ele havia sido agredido durante a campanha das eleições municipais dos dias 7 e 28 do passado mês de outubro, no decorrer de uma sessão da câmara municipal de São João da Barra. A campanha ficou marcada por numerosas agressões contra jornalistas, assim como ataques contra redações e vários casos censura judicial.
No entanto, “Renato não recebera ameaças e se tivesse recebido teria denunciado publicamente”, precisou seu colega. “Nos últimos tempos, não trabalhou sobre nenhum tema polémico. Agora, sem ir até afirmar que se tratou de um crime político, tendo em conta o modo operatório e as sete balas disparadas, podemos falar de execução e nunca de assalto”, concluiu nosso interlocutor.
Repórteres sem Fronteiras se debruçará ainda esse mês sobre a situação da liberdade de informação no Brasil com a publicação de um relatório resultante da missão efetuada no país em novembro de 2012.