Autoridades fecham definitivamente a Bombolom FM (versão portuguesa)

Repórteres sem Fronteiras declara-se preocupada com a grave deterioração da situação da liberdade de imprensa na Guiné-Bissau, depois do encerramento da principal rádio de oposição. Dois meses antes das eleições gerais, esta decisão é particularmente preocupante para o pluralismo de informações no país.

Repórteres sem Fronteiras declara-se preocupada com a grave deterioração da situação da liberdade de imprensa na Guiné-Bissau, depois do encerramento da principal rádio de oposição. "Desde o mês de Dezembro e a expulsão do correspondente da rádio-televisão portuguesa, a situação está a ficar cada vez pior para a imprensa. Hoje, as autoridades reduziram definitivamente ao silêncio um dos meios de comunicação mais críticos do país", declarou Robert Ménard, em carta ao Presidente da República, Kumba Ialá. "Dois meses antes das eleições gerais, esta decisão é particularmente preocupante para o pluralismo de informações na Guiné-Bissau", acrescentou o Secretário Geral da RSF. A organização solicitou ao Presidente que tudo seja feito para que a Bombolom FM possa voltar a funcionar o mais rápido possível. Repórteres sem Fronteiras lembra que o chefe de Estado guineense faz parte dos 23 "cancros da liberdade de imprensa" denunciados pela organização durante a última Cimeira África-França, em Paris. No dia 27 de Fevereiro de 2003, o governo anunciou o cancelamento definitivo da autorização de emissão da Bombolom FM. A emissora é acusada de falta de "profissionalismo", de "pluralismo" e de "objectividade" na cobertura de notícias da actualidade. A estação tinha sido fechada em 13 de Fevereiro até nova ordem, depois de ter dado a palavra a uma deputada da oposição que criticou o Presidente da República. O Secretário de Estado da Informação, João Manuel Gomes, acusara a emissora de divulgar "notícias falsas que prejudicam a soberania nacional e a estabilidade do país". A Bombolom FM é um dos alvos prediletos das autoridades. Há vários anos, esta rádio é objecto de ameaças e pressões e vários dos seus jornalistas foram interpelados ou convocados pela justiça. Repórteres sem Fronteiras lembra que no dia 6 de Dezembro de 2002, João Pereira da Silva, chefe da delegação da RTP (rádio-televisão pública portuguesa) em Bissau, fora intimado a deixar o país em 48 horas, acusado de desacato a um membro do governo. Alguns dias mais tarde, o ministério português dos Negócios Estrangeiros protestou contra a expulsão do jornalista. Desde então, a RTP não tem correspondentes na Guiné-Bissau.
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Updated on 20.01.2016