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Ásia-Pacífico
Entre a esclerose dos regimes de partido único e a captura oligárquica da informação

Coreia do Norte (180o), China (179o), Vietnã (178o), Mianmar (173o) … Na Ásia, é nos regimes de partido único que o exercício do jornalismo é mais dificultado, com líderes que reforçam o controle totalitário do discurso público. A começar por Xi Jinping, que se reconduz à chefia do governo chinês para um histórico terceiro mandato, garantindo uma concentração de poder nunca vista desde Mao Tse Tung, para levar a cabo a cruzada contra o jornalismo que lançou há dez anos.

 

E, de fato, a China é a maior prisão do mundo para profissionais da mídia e defensores da liberdade de imprensa.  Nesta lista funesta, o país é seguido de perto por Mianmar que, desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021, voltou a ser um buraco negro de informação.

 

O outro fenômeno que restringe perigosamente o livre fluxo de informações é sua captura por oligarcas que mantêm laços estreitos com líderes políticos. Esse é particularmente o caso dos chamados regimes “híbridos”, como a Índia (161º), onde toda a grande imprensa é agora propriedade de industriais próximos do primeiro-ministro Narendra Modi.

 

Ao mesmo tempo, este último dispõe de um exército de apoiadores que caça qualquer informação considerada crítica online, não hesitando em lançar campanhas terríveis de assédio. Presa entre essas duas formas de pressão extrema, grande parte dos profissionais da mídia é, de fato, forçada à autocensura.

 

A mesma tendência é encontrada em Bangladesh (163º) ou no Camboja (147º), onde a repressão da mídia independente por parte dos governos vigentes se intensificou à medida que as eleições marcadas para os próximos meses se aproximam.

 

Perguntas proibidas

 

Outra especificidade regional: a persistência de perguntas proibidas e assuntos tabus impede que os jornalistas trabalhem livremente. Esse é claramente o caso do Afeganistão (152º), onde o poder dos talibãs não tolera nenhum desvio da sua versão fanática da sharia e onde as mulheres jornalistas estão sendo literalmente apagadas do panorama midiático. Em outros lugares, a mídia sabe que está arriscando muito se atacar o soberano muito diretamente, como no Sultanato de Brunei (142º), na Tailândia (106º) ou no Butão (90º).

 

Por outro lado, certas alternâncias governamentais permitiram afrouxar o laço que amarrava a imprensa, como pode ser visto no Paquistão (150º) ou nas Filipinas (132º) embora esses dois países continuem entre os mais perigosos do mundo para os jornalistas. As renovações de coalizões governamentais também explicam o progresso de países como Sri Lanka (135º), Malásia (73º) e Austrália (27º).

 

No topo do ranking, as democracias funcionais aperfeiçoaram o seu papel de modelo, como em Taiwan (35o), nas Ilhas Samoa (19o) ou na Nova Zelândia (13o).  Surpresa desta edição de 2023, a jovem democracia do Timor-Leste, ainda em construção, subiu ao top 10. Uma confirmação positiva da observação feita acima sobre os regimes de partido único: o poder demasiado forte e ultraconcentrado é o principal obstáculo ao livre exercício do jornalismo. E é quando os poderes políticos, econômicos e judiciais são equilibrados e regulados que a liberdade de imprensa pode florescer plenamente.