A lei garante a liberdade de imprensa em Serra Leoa, mas embora o cenário midiático seja realmente diversificado, os jornalistas às vezes estão sujeitos a prisões e detenções arbitrárias.
Cenário midiático
O panorama midiático é plural e, de modo geral, independente. No fim de 2022, Serra Leoa possuía 531 veículos de comunicação – 228 estações de rádio, 242 jornais, 24 revistas, 26 canais de televisão e 11 canais de televisão digital por satélite –, embora um grande número deles funcionasse de maneira irregular. Junto com a emissora estatal SLBC, os veículos privados mais importantes são a rede de televisão AYV TV, a rádio Democracy, os jornais Awoko e Standard Times Newspapers. O meio de comunicação mais popular é o rádio, seguido pela televisão. As rádios comunitárias cobrem uma parte considerável do território nacional, enquanto o alcance dos canais de televisão locais permanece majoritariamente limitado às cidades.
Contexto político
A maior parte da mídia não é diretamente controlada por políticos, que, por lei, só podem fundar jornais, não estações de rádio e canais de televisão. No entanto, os veículos de comunicação continuam sujeitos à sua influência devido à falta de recursos e a falhas de gestão, na maioria dos casos. Embora sejam livres para investigar qualquer assunto, incluindo os politicamente sensíveis, os jornalistas às vezes têm dificuldade de acessar informações relativas às instituições públicas.
Quadro jurídico
Em 2020, o dispositivo da Lei de Ordem Pública de 1965 que criminalizava a difamação foi revogado. O estabelecimento e a regulamentação da mídia estão sob a autoridade da Comissão Independente de Mídia (IMC), organização livre da influência do governo e de qualquer controle político. O alcance da lei foi revisto para que os veículos de comunicação, em especial os sites que apelam fortemente ao sensacionalismo no tratamento da informação, não sejam reconhecidos. As leis e políticas que afetam a mídia são elaboradas em consulta com todos os principais atores do setor, incluindo a IMC e a Associação dos Jornalistas de Serra Leoa (SLAJ).
Contexto económico
A maior parte da mídia está concentrada na capital, Freetown. A maioria dos jornalistas não recebe um salário razoável e não possui os equipamentos necessários para trabalhar de maneira adequada. Uma situação da qual os políticos tiram proveito, influenciando conteúdos editoriais em troca de apoio financeiro, material ou logístico. Os veículos de comunicação sobrevivem principalmente da receita publicitária, mas o mercado é muito restrito. O governo fornece um apoio orçamentário trimestral à SLAJ, mas não concede nenhum subsídio aos veículos de comunicação independentes.
Contexto sociocultural
Os jornalistas são livres para cobrir a grande maioria das questões sociais sem risco de censura ou represálias. Os ataques a jornalistas ligados a gênero, status, etnia ou crenças religiosas são muito raros. Entretanto, o uso das redes sociais para disseminar propaganda política, desinformação e discursos de ódio é uma prática cada vez mais frequente.
Segurança
A violência contra jornalistas diminuiu de maneira significativa em Serra Leoa nos últimos anos, e as detenções praticamente deixaram de acontecer. No entanto, os jornalistas não estão livres de perseguições e interpelações por parte da polícia, que pode confiscar seu equipamento. A principal ameaça à segurança dos jornalistas continua sendo a ação de políticos, que muitas vezes obstruem seu trabalho recorrendo à polícia. Os profissionais da informação também podem ser alvo de ameaças e intimidação online. Em abril de 2022, um jornalista que trabalhava com várias reportagens sensíveis e sua família foram vítimas de uma tentativa de assassinato em sua residência, no norte do país.