A saudita Eman al Nafjan, a vietnamita Pham Doan Trang e a maltesa Caroline Muscat, vencedoras do Prêmio RSF 2019 para a Liberdade de Imprensa

Em 12 de setembro, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) entregou o Prêmio para a Liberdade de Imprensa de 2019 à jornalista saudita Eman al Nafjan, à vietnamita Pham Doan Trang e à jornalista maltesa Caroline Muscat, em uma cerimônia organizada pela primeira vez em Berlim.

Por ocasião do 25º aniversário do seu escritório na Alemanha, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) entregou o Prêmio para a Liberdade de Imprensa 2019 na quinta-feira, 12 de setembro, em Berlim, no Deutsches Theater. A cerimônia, apresentada por Pinar Atalay, jornalista e apresentadora de televisão, reuniu muitos convidados de prestígio, incluindo Michael Müller, prefeito da cidade, Alan Rusbridger, ex-editor-chefe do jornal The Guardian, Susanne Koelbl, jornalista da Der Spiegel, Nidhya Paliakara, jornalista da TV5MONDE, ex-vencedores do Prêmio RSF (Swati Chaturvedi, Can Dündar, Grigory Pasko) ...


O Prêmio da Coragem, que recompensa um jornalista, um meio de comunicação ou uma organização por ter demonstrado coragem no exercício, defesa ou promoção do jornalismo, foi concedido à jornalista saudita Eman al Nafjan. Fundadora do site SaudiWoman.me, e autora de inúmeros artigos na imprensa internacional, incluindo no Guardian e no New York Times, Eman al Nafjan esteve na linha de frente da campanha pelo direito das mulheres sauditas de dirigir e para acabar com o sistema repressivo de tutela masculina na Arábia Saudita. Em maio de 2018, ela foi presa com outras ativistas feministas, antes de ser colocada em liberdade condicional em 28 de março último. Segundo a imprensa saudita, ela foi acusada de minar a "segurança nacional" e ter estabelecido "contatos suspeitos com entidades estrangeiras". Considerada uma "traidora", ela pode pegar até 20 anos de prisão.

O Prêmio pelo Impacto, que recompensa um jornalista cujo trabalho permitiu a melhora concreta da liberdade de imprensa, da independência e do pluralismo do jornalismo ou ainda maior conscientização sobre este tema, foi concedido a Pham Doan Trang. Jornalista e blogueira, fundou a revista jurídica online Luât Khoa e coordena a redação da thevietnamese - duas publicações que permitem aos leitores conhecer as leis do país para defender seus direitos e combater a arbitrariedade do Partido. Ela também é autora de muitos livros, um dos quais ajudou a promover os direitos das comunidades LGBT país. Seu trabalho a levou a ser duas vezes espancada e mantida pela polícia por vários dias em detenção arbitrária em 2018.

O Prêmio da Independência, que recompensa um(a) jornalista por sua resistência frente às pressões financeiras, políticas, econômicas ou religiosas, foi concedido à maltesa Caroline Muscat. Após o assassinato de Daphne Caruana Galizia, essa jornalista criou o The Shift News, um veículo de comunicação investigativo independente online, comprometido com a luta contra a corrupção e a defesa da liberdade de imprensa em Malta. Num cenário midiático dominado por meios de comunicação assujeitados ao governo, Caroline Muscat se concentrou em revelar os muitos casos de corrupção que envolvem os líderes políticos da ilha. Alvo de ações judiciais, seu site de notícias se recusa a atender aos pedidos de remoção de conteúdo da empresa britânica Henley & Partners, especializada em aconselhamento sobre cidadania global e residência. Em 2015, o trabalho jornalístico de Caroline Muscat foi recompensado pela Comissão Europeia.


Todos os anos, há jornalistas ausentes durante a entrega do Prêmio RSF, impedidos de participarem da cerimônia pelas autoridades dos países onde atuam", declarou Christophe Deloire, Secretário Geral da Repórteres sem Fronteiras. "Dessa vez não foi diferente, dois dentre três premiados não puderam estar presentes durante a cerimônia em Berlim para receber a honraria, da mesma forma que o repórter alemão Carl Von Ossietzky havia sido impedido de ir à Oslo para receber o Prêmio Nobel da Paz em 1936. Assim como aconteceu com o chinês Liu Xiaobo em 2010, ele que já havia sido reconhecido pelo Prêmio RSF da liberdade de imprensa seis anos antes. Esses jornalistas que deveriam ser motivo de orgulho para seus países são privados da sua liberdade de viajar, e frequentemente da sua liberdade como um todo. Mas seu engajamento transcende as fronteiras e não há nada que ditadores possam fazer para impedi-lo.”


Criado em 1992, o Prêmio Repórteres sem Fronteiras já foi concedido ao vencedor do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, ao blogueiro saudita encarcerado Raïf Badawi, ao jornal turco Cumhuriyeth ... O prêmio contribui anualmente para a defesa do jornalismo. Além de sua dimensão honorífica, os prêmios entregues aos ganhadores são acompanhados de uma recompensa financeira de 2500 euros.


A TV5MONDE é parceira histórica do Prêmio RSF. A edição 2019 do prêmio também é com com o apoio do provedor de serviços de mensagens Posteo e do grupo de mídia Intan.


Sobre a TV5MONDE

A TV5MONDE, canal cultural global em língua francesa, visa promover a criação francófona e o idioma francês em todo o mundo. Presente em 198 países e em 364 milhões de lares, a TV5MONDE, que legenda seus programas em 14 idiomas, é uma das maiores redes de televisão do mundo, com 9 canais generalistas regionalizados e 2 canais temáticos (TiVi5MONDE e TV5MONDE Style) . O canal transmite os programas de seus canais parceiros e seus próprios programas, além de obras em língua francesa, como cinema, ficção, documentário ou espetáculos ao vivo.


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Updated on 16.07.2020