Observatório Internacional sobre Informação e Democracia é lançado em evento paralelo à Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York
Durante um evento paralelo à Assembleia Geral da ONU, o Fórum sobre Informação e Democracia anunciou a criação do Observatório Internacional sobre a Informação e Democracia. O grupo será presidido pela professora e pesquisadora norte-americana Shoshana Zuboff e pelo ex-secretário-geral da OCDE, Angel Gurria.
No dia 24 de setembro, o evento organizado pelo Fórum sobre Informação e Democracia, em paralelo à Assembléia Geral das Nações Unidas, reuniu dezenas de chanceleres de todos os continentes, o Secretário-Geral da OCDE, o Diretor-Geral da Unesco, o Vice-Presidente da Comissão Europeia e representantes de organizações da sociedade civil. O evento faz parte da Iniciativa sobre Informação e Democracia, lançada há três anos pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), para definir e implementar garantias democráticas no espaço global de informação e comunicação.
Em seu discurso de abertura da cúpula, o presidente do Fórum de Informação e Democracia, o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, anunciou a criação de um Observatório Internacional de Informação e Democracia, com a ambição de ser “equivalente para a ruptura democrática ao que o IPCC é para as mudanças climáticas”. Periodicamente, o observatório realizará avaliações do espaço informacional e oferecerá aos Estados um panorama sobre os desafios e impactos desse fenômeno para as democracias.
O grupo precursor do Observatório, que terá o mandato de especificar seus objetivos, metodologia e recursos, será co-presidido por Shoshana Zuboff, professora emérita da Harvard Business School, autora de A Era do Capitalismo de Vigilância, e pelo ex-secretário-geral da OCDE e ex-ministro das Relações Exteriores do México, Angel Gurria. O Fórum também anunciou a criação de um grupo de trabalho sobre regimes de responsabilidade para contas de redes sociais, cuja composição será anunciada em breve.
“O sucesso da Cúpula de Informação e Democracia permitirá ampliar o processo internacional que lançamos, inspirando-nos naquele iniciado no combate às mudanças climáticas, explica Christophe Deloire, presidente do Fórum de Informação e Democracia. O fortalecimento e aprofundamento da atuação dos Estados signatários do Pacto para Informação e Democracia e da sociedade civil é garantido por meio da divulgação da realização de reuniões ordinárias, que equivalerão às conferências das partes, as famosas COPs, com base em relatórios do Observatório, equivalentes aos do IPCC. O Fórum também continuará a produzir recomendações concretas e será um espaço de consulta e diálogo entre os Estados e a sociedade civil”.
As discussões de alto nível também abordaram as recomendações feitas pelo Fórum nos dois relatórios: Para acabar com a infodemia (2020) e Um New Deal para o jornalismo (2021).
Finalmente, uma coalizão da sociedade civil sobre informação e democracia também foi lançada por ocasião da Cúpula. Ela reforçará as ações desenvolvidas graças a uma campanha de mobilização internacional, coletiva e organizada. O chamado público de 20 de setembro lembra o papel central que essas organizações pretendem desempenhar no estabelecimento de garantias democráticas no espaço digital.
O Ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, que presidiu a Cúpula, saudou a criação do Observatório Internacional de Informação e Democracia. “Essa ferramenta será particularmente útil para analisar, de forma regular, as tendências no espaço informacional global”, afirmou. “Este observatório também poderá alimentar nosso trabalho e nossas reflexões nas instituições multilaterais”.
O Ministro anunciou um workshop para apresentar os objetivos do Observatório durante o Fórum da Paz de Paris (11 a 13 de novembro de 2021) e sugeriu que uma nova reunião seja realizada paralelamente à próxima Assembleia Geral das Nações Unidas em 2022.